João Pessoa, 12 de março de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Naquele dia, o Sol estava preguiçoso. O bem-te-vi também. As nuvens estavam rasgadas no céu, que nascera azulzinho, azulzinho. Ao longe, repousava, num galho de angico, dois papas-sebo, olhos remelentos e bicos famintos. Embaixo da árvore vetusta, dois jovens amantes não tinham o que fazer. O arco-íris (foto) que se formou de repente acordou uma reclamação antiga e lhes deu a preocupação do amor:
— Que tu queres de mim agora? A alma?
— Que pergunta?! Levaste contigo no dia em que teu sorriso largo caiu nos meus olhos como se fosse um riachinho de estrelas.
— Ah! Entendi. E o corpo? Ah! O corpo foi corrompido por dentro dos teus beijos quentes, língua voluptuosa e tênue, deslizando sobre os meus pelos intumescidos.
— A riqueza?
— Ahhhh! Tenho o vento dentro dos meus bolsos, tilintando o nada com gosto e desgosto ao mesmo tempo.
— Teu sexo, então…
— Diz-me: Foi o jeito matreiro de te amar?
— Que nada! Como podes dizer que amas tanto alguém assim, se tua mente não desconfia das provas e das silhuetas do amor?
— É mesmo? Como assim? Será que te amo mesmo? Que achas? Vives sem mim?
— Sim!
— Vives sem mim? Covarde! E aquele beijo que disseste ser a prova do teu amor? Não deverias ter dito monta de tal naipe e dor.
— Pediste…
— Não, eu não pedi. Eu só queria uma prova simples.
Silêncio…
— Isso é pedir demais?
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TURISMO - 19/12/2024