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ENTENDA

EUA: candidato pode ter 54% e mesmo assim não ser eleito

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publicado em 04/11/2012 ás 11h39

O sistema democrático norte-americano poderá, em 2012, repetir a confusão ocorrida em 2000 ao eleger um presidente sem a maioria popular. De acordo com o censo demográfico nacional de 2010, 54% dos eleitores registrados (a maioria, portanto) poderão votar em um candidato e, ainda assim, ele poderá perder a eleição.

O maior responsável por este disparate é o sistema de votação norte-americano, baseado em colégios eleitorais e adotado desde o início da formação do país, no século 18. Por esse sistema, os delegados conquistados nos Estados são mais importantes que os votos diretos.

Em 2000, por exemplo, o então candidato republicano George W. Bush protagonizou uma confusão que reativou as críticas contra o sistema: ele se elegeu com meio milhão de votos a menos que o rival democrata, Al Gore, que saiu derrotado.

A conta é simples: como um candidato precisa de 270 delegados para se eleger, de um total de 538, ele pode, simplesmente, ignorar alguns Estados.

Em 2012, o futuro presidente pode deixar de lado 11 federações (Washington, Illinois, Michigan, Ohio, Pensilvânia, Carolina do Norte, Geórgia, Nova York, Califórnia, Texas e Flórida) e, mesmo assim, obter os 270 delegados. Excluindo a capital, os outros dez Estados são os mais populosos dos Estados Unidos.

Nesse cenário, seriam mais de 115 milhões de cidadãos americanos com mais de 18 anos que não precisam configurar entre os “eleitores-alvo” desta hipotética campanha vitoriosa. Se comparado com o cenário nacional, os referidos Estados totalizam 54% da população maior de idade apta a votar.

Em três ocasiões o candidato vitorioso saiu das urnas sem a maioria dos votos: em 1876 (Hayes/Tilden); 1888 (Harrison/Cleveland); e, mais recentemente, em 2000.

Em relação ao total das votações presidenciais organizadas pelos americanos, cerca de 5% dos pleitos tiveram um resultado final diferente do total apresentado na contagem direta dos votos. Este dado, para muitos especialistas, já é suficiente para abalar a credibilidade do sistema.

Se isto se repetir mais uma vez nos próximos anos, poderá forçar uma reforma na democracia dos EUA, já que as tecnologias atuais não escondem o risco desta contradição.

Em uma das democracias mais antigas e orgulhosas de seu legado histórico, um maior questionamento da população pode colocar em xeque a legitimidade do sistema representativo do país.

R7