João Pessoa, 20 de março de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Carmen e José

Comentários: 0
publicado em 20/03/2021 às 07h56

Carmen e José

Esses tempos de pandemia são tempos terríveis. Eu não aguento mais. Receber a notícia da morte de Carmen Teixeira, me deixou sem ânimo. O que ainda temos para chorar?
Carmen era uma poesia, Carmen era bela!
Pensei na dor que ela iria sentir ao saber que seu amado, José Carlos Teixeira, havia partido na quinta-feira (18). Carmen se foi ontem. O que convém? Nada nos convém.
Pelo menos nesse instante em que estou procurando pelo rosto dela, a última gargalhada, os poemas, mesmo que não sejam os de Fernando Pessoa, mas a extraordinária e simples, a sua pessoa.
Carmen, Carmen, Carmen, Carmen, que eu amava tanto.
Carmen era diferente, e o mais importante: não precisava insistir em gostar dela, da vida dela, da alegria dela, dos uísques que tomamos juntos. Eu tinha amor por ela.
Cada vez que perco alguém, alguém como Carmen cravo seu nome para os que não a conheciam e por vezes, que nem sabiam que ela existia. Carmen existiu.
Carmen era o verão, uma descoberta que deu bons frutos ao mundo.
Carmen tinha dois corações.
No escuro, ela iluminava, na luz, ela resplendia. De uma maneira brilhante, em que há brilhantismo. Carmen não gostava do silêncio. Silêncio, por favor, Carmen está dormindo!
Era uma mulher evidência – corajosa, muito além do fim.
Carmen era um romance, Carmen catedrática. A última vez na casa da filha Ana Corina, ( no Altiplano), seus gestos e sua inteligência me apaixonavam. Uma mulher, cujo olhar observava minuciosamente o viver. Estou para não viver.
Há quem assegure que as pessoas mais tristes e solitárias, (e não era o caso dela), na intimidade são aquelas que mais fazem rir os outros. Carmen driblava a solidão. O exibicionismo também. Mas, sobretudo, uma Carmen que não era melancólica.
Carmen na chuva, com o sol na cabeça, Carmen cabeça e seus rituais plurais, o que se quiser dizer como expressão da liberdade.
Carmen protagonista, contagiava. Carmen definitiva, Carmen consumada.
Carmen que amava José Carlos, que amava Tavinho, que Ana Corina, que amava Felipe, que amava Caluca, que amava Lula, que amava Fred e amava o K.

Kapetadas
1 – Carmen desprezava os excessos, os adereços, as coisas de brilho aparente.
2 – Carmen viveu crepúsculos e sombras enluaradas.
3 – Som na caixa: “Você é luz/ É raio estrela e luar”, de Wando

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

Leia Também