João Pessoa, 30 de março de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
No último artigo, expliquei que se pode averiguar o bem-estar de pessoas, através do construtor da Qualidade de Vida(QV), abrangendo as quatro principais dimensões: a psicológica, a física, relações sociais e meio ambiente. A QV nos diz do nosso bem-estar subjetivo e, por conseguinte, da nossa felicidade.
Se formos analisar cada dimensão da QV, para o que temos no momento, veremos quão difícil é nos sentir bem. Fisicamente, além da vulnerabilidade que todos sentem, no isolamento engordou, ou não se cuidou, ou acabou tendo outros problemas de saúde. A dimensão psicológica está um farrapo. Entre apreensões e solidão. Lazer nenhum, além de um gole ou outro de bebida, enebriando tardes de março.
Trabalhamos e conversamos mais com o computador do que com outras pessoas. E estamos a precisar delas. De uma rede, para nos balançar a dois, a três, a mais. Não somente uma rede nordestina, muito também, de uma rede de apoio social. Ficamos um tanto perdidos. Um outro tanto desolados.
Em síntese, estamos fracos, onde temos de pontuar na whoqol-bref, que é o instrumento da OMS, de medir qualidade de vida e bem-estar. Onde buscar sentimento positivos, autoestima, crenças vindouras, se só nos anunciam mortes? Bem que a mídia poderia colaborar um pouquinho. Que está morrendo gente todo dia, quem não sabe disso? Sim, quem não sabe, se quem morre são nossos parentes, amigos antigos, amigos de amigos, gente como nós? Será que não poderiam lembrar, aos aflitos expectantes por uma vacina, os seis milhões de doses semanais que a Fiocruz nos proporcionará.? Será que não nos ajudaria lembrar, que o Butantã (foto) vai produzir vacina no Brasil, além das coronavac? Porque não lembram que a Fiocruz é patrimônio científico brasileiro. Que o Butantã é patrimônio do povo de São Paulo e , portanto, de um único povo?
Será que poderiam pedir para os que tomam vacina que, além de publicarem fotos em seus status, continuem se cuidando como antes, e ajudando a outros menos informados, ou mais recrudescentes a se cuidarem também? Apesar de governos, das mortes, da desgraça que se abateu, será que poderiam nos alimentar com um gole de esperança?
Eu até admitiria que me enganassem um pouco, porque tenho resiliência limitada. Você também. Minha porção de atributos, que podem construir bem-estar, está acabando. Vivo como se estivesse num castelo mal-assombrado que, no lugar de nos acalmarem aos vermos monstros, dão gritos e uivam em nossos ouvidos, para que nossas energias pereçam, nossos rins paralisem e nosso pulmão, de tão aflito, não consiga mais captar oxigênio. Sem suporte, sem sustentação, sem carinho e sem dinheiro, matam-nos, diariamente, antes mesmo da covid nos pegar. Como nos quereis felizes?
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TURISMO - 19/12/2024