João Pessoa, 02 de abril de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
No dia em que uma criança nasce (ou bem antes, mas não quero retroceder à vida intrauterina), o mundo se rasga em duas partes. De um lado, o ser nascente, a parte diferenciada e da outra, tudo o que não é a individualidade recém parida.
A parte da totalidade da existência que se faz luz é, pois, um traço, uma marca, aquilo que rompe a complexidade do universo, singularizando-se em uma diferença que faz diferença: Um ser humano, uma entidade psíquica e biológica, um plexo de interesses, desejos, matéria, mente, também uma complexidade em busca de sentido e de alegria, muito embora submetida às contingências que habitam as incertezas das agruras da vida.
A outra parte, da qual o indivíduo não prescinde, como o peixe não vive sem a água, é o que fica fora da individualidade, não obstante, dela dependa para alimentar o corpo e o espírito. Essa outra parte é a humanidade, cada ser vivo, cada objeto diferente, o mar, as estrelas, o ar, a terra, as estrelas candentes, uma teia de aranha, a aranha, o tatu, o trovão, o silêncio, enfim, o universo todo e o nada também. Tudo é potência fenomênica caminhando em direção ao que deve ser, na conformidade da desorganização ordenada do universo.
A individualidade, para manter-se como tal, ser psíquico atuante e organismo vivo, distinta do entorno, mas com ele interação necessária, há de preservar a distinção, manter a diferenciação, conservar a singularidade, sob pena de perecimento, confundida com o todo. Preservar a distinção, manter a diferenciação, conservar a singularidade não significa pôr o egoísmo como o motor das ações individuais e da sociedade. Não mesmo.
Essa opção, o egoísmo, tem criado uma anomalia, um desencontro entre a totalidade da existência e cada existência particular: guerra, fome, morte, acumulação de riqueza nas mãos de poucos, consumismo desenfreado, pobreza ultrajante, destruição da natureza e o pior, a solidariedade, essa seiva que habita as razões do bom senso, tem se transformado, pelas razões da hipocrisia, apenas em uma fantasia, um penduricalho feito de ossos humanos enfeitando cada mente abarrotada das razões do capital. A saída é a colaboração, mas isto fica para a próxima sexta.
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TURISMO - 19/12/2024