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Antônio Colaço Martins Filho é chanceler do Centro Universitário Fametro – UNIFAMETRO (CE). Diretor Executivo de Ensino do Centro Universitário UNIESP (PB). Doutor em Ciências Jurídicas Gerais pela Universidade do Minho – UMINHO (Portugal), Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (Portugal), Graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Autor das obras: “Da Comissão Nacional da Verdade: incidências epistemiológicas”; “Direitos Sociais: uma década de justiciabilidade no STF”. E-mail: [email protected]

Experiências Universitárias

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publicado em 05/04/2021 ás 07h14

É comum guardarmos lembranças positivas dos tempos universitários – as luzes da manhã lavando o velho assoalho da sala de aula, o odor intelectual da biblioteca, a mixórdia de sons dos alunos nos corredores, o sereno da noite a nos acariciar o rosto. Como visto, os sentidos desempenham um papel primordial nas experiências universitárias.

A literatura especializada indica que as empresas obcecadas pela construção de experiências conseguem engajar o cliente com eficácia muito superior àquelas que se dedicam apenas a prestar os serviços contratados. Como consequência, os indicadores econômico-financeiros (notadamente, as margens de lucro) das primeiras costumam ser bem superiores às das últimas. Para desenhar experiências, faz-se necessário pensar em cada um dos sentidos do cliente.

Não obstante, o desenho de experiências universitárias é um campo sobejamente negligenciado pela maioria dos gestores educacionais. Nesse momento, em que o aluno se encontra financeiramente fragilizado, o engajamento é fundamental para evitar a desistência e a transferência.

Ao desenhar as experiências que compõem a vida universitária parece-nos primordial que o gestor universitário crie o hábito de questionar o que as universitárias e universitários vêm, ouvem, cheiram, tocam e degustam. Não basta, contudo, satisfazer as expectativas dos estudantes. Faz-se necessário surpreendê-los com experiências que vão deixar marcas, impressões na memória.

Ao contrário do que pode transparecer, o exercício de empatia (considerar todos os sentidos do universitário) não se restringe aos momentos presenciais. A eventual proibição de aulas teóricas presenciais não privou o corpo estudantil dos sentidos do olfato, tato e paladar. Com efeito, da mesma forma que é necessário pensar em todas as características da fase da vida do estudante (transição jovem-adulto, estudante-profissional …) e não apenas no que busca quando se matricula na universidade, também é insuficiente pensar apenas no que as alunas e os alunos sentem quando frequentam as instalações da universidade. Dessa forma, se, no horário das aulas remotas, a casa do estudante é – temporária ou permanentemente – um ambiente sonoramente poluído, convém permitir que assista à aula gravada em outro momento e tire suas dúvidas de forma assíncrona.

Em síntese, os sentidos, em conjunto, compõem a experiência universitária. Acredito que os gestores educacionais que desenham e avaliam, constantemente, as experiências universitárias, têm mais condições de fidelizar seus clientes, de forma a evitar a evasão e suas consequências deletérias.

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