João Pessoa, 28 de abril de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
“Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”, palavras do pintor italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), um dos maiores gênios da humanidade.
Uma das primeiras experiências da aprendizagem é quando percebemos que o nosso choro é um estímulo que nos traz uma resposta para nossa fome ou dor quando recém-nascidos e assim, iniciamos nosso ciclo.
Aprendemos a andar, falar, ter regras e limites, andar de bicicleta, pensar e calar, dentre tantas outras coisas. Em paralelo iniciamos também a nossa aprendizagem formal, estruturada na escola e seguimos aprendendo como sujeitos em formação.
E quando deixamos de aprender? A resposta correta é nunca!
A vida é um eterno aprendizado, quer seja pela escola formal, informal (que são as experiências de vida) ou a inspiracional (através de pessoas referenciais), a aprendizagem nos transforma a todo o momento. Se fecharmos o ciclo do aprender, cerramos as possibilidades da nossa vida e ficamos inertes em um mundo que vibra na velocidade da luz. Desse modo, estar disposto a aprender, desaprender e a reaprender, passa a ser regra essencial a qualquer sujeito.
Muitas vezes ouvimos pessoas dizerem não ter mais idade para isso ou para aquilo, como se o humor, a alegria, a euforia e as novas experiências fossem exclusivas para crianças, adolescentes ou adultos muito jovens. Na realidade, se fizermos uma análise de comportamento da infância até a velhice, em linhas gerais, vamos perceber que as pessoas colecionam regras e modelos ao longo da vida e, que ao final acabam se “enchatecendo”.
Já reparou que muitos adultos se moldam tanto, que acabam por perder a espontaneidade e a leveza da vida? Mas, obviamente não são todos, muitos vivem consistentemente e reaprendem a todo o momento, pois não temem a felicidade das conquistas e nem as mudanças ao longo da vida.
Indo nesse modelo, conseguimos ver alguns jovens da terceira idade se lançando em um novo curso ou em outros desafios, e quebrando esses paradigmas. Histórias de pessoas na terceira idade colando grau, felizes da vida e que, obviamente devem ter ouvido que seria tarde, o porquê disso ou até mesmo onde já se viu, nessa idade!
Queria destacar o exemplo de Walter que aos 69 anos entrou no curso de Arquitetura, seu grande sonho (ele diz que não era sonho, e sim vontade, pois sonhos costumam ficar distantes e podem não ser realizados). Na sua rotina de estudante, diz que se sente com 20 anos, que é muito bem acolhido por sua turma e que está ansioso por sua formatura aos 73 anos. Um grande exemplo de que sempre é nosso tempo…
Ser aprendiz nos põe no papel de transformação, mas precisamos ter disponibilidade para reconhecer que não sabemos de tudo, e nem isso nos pode ser cobrado. Devemos nos dispor a aprender e também a errar, entendendo os erros como tentativas, como partes importantes da nossa aprendizagem. Permitir-se sentir o frio na barriga do recomeçar, desaprender velhos hábitos e costumes, se lançar e reaprender tudo novamente é renovador. Nesse processo entender que o nunca é tarde passa a ser regra, que o processo de desenvolvimento acontece enquanto temos vida, e que essa deve ser qualitativa, jamais cronológica.
A chave dessa grande questão é o sentir-se aprendiz, o nunca se acomodar e sempre tentar fazer algo novo, exercitar o cérebro e a vontade, fazer coisas que nunca fez, dar o seu melhor e aprender cada vez mais. E o aprender não se aplica só as coisas, mas também a relacionamentos e pessoas, pois todos os dias, mudamos um pouco.
Aprender nos faz sair da mesmice e descobrir um mundo de possibilidades, encontrar outros caminhos e visualizar novas situações. A vida “em vida” não tem um fim, todo o tempo é tempo de ser feliz, de dar e receber amor, de se propor a coisas novas.
Sempre é tempo de se surpreender, sentir o que nunca sentimos, de não ter medo e de se arriscar. A tela da nossa vida enquanto vivermos, nunca estará finalizada e o tal “frio na barriga” não é exclusivo dos mais jovens.
Para ser feliz devemos nos permitir sentir “a beleza de ser um eterno aprendiz…”, como canta o eterno Gonzaguinha.
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OPINIÃO - 26/11/2024