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Paulo Galvão Júnior é economista, escritor, palestrante e professor de Economia e de Economia Brasileira no Uniesp

Uma fotografia da economia da Turquia

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publicado em 07/05/2021 ás 07h37

A Turquia (foto) com 783.562 quilômetros quadrados (km²) é maior do que a Espanha (505.936 km²), Portugal (92.212 km²) e Áustria (83.879 km²) juntas. A Turquia está localizada entre a Europa e a Ásia e tem fronteira com oito países, a Bulgária e a Grécia, no lado europeu, e a Armênia, o Azerbaijão, a Geórgia, o Irã, o Iraque e a Síria, no lado asiático.

A capital turca é Ancara e a cidade mais populosa, mais rica é Istambul. O idioma é o turco, a moeda oficial é a lira turca e a República da Turquia tem sete regiões geográficas bem distintas, a Região do Mar Egeu, do Mar Mediterrâneo, do Mar Negro, da Trácia e Mar de Mármara, da Ancara e Anatólia Ocidental, da Capadócia e Anatólia Central e da Anatólia Oriental.

O presente artigo é uma fotografia da economia da Turquia, uma das duas economias do Grupo dos Vinte (G-20), que conseguiram crescer o Produto Interno Bruto (PIB) no ano de 2020, em plena pandemia da COVID-19, com crescimento de 1,8%, a outra foi a economia chinesa, com 2,3%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os números da economia turca revelam uma população total de 82 milhões de habitantes, um PIB nominal de US$ 717 bilhões e um PIB per capita de aproximadamente US$ 8.743 em 2020. Atualmente, a Turquia é a décima sétima nação mais rica do planeta e um país membro do G-20, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), além de outras organizações internacionais como a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

A Turquia tem 81 províncias e o setor de turismo é muito importante para a economia turca, com praias, palácios, igrejas, sinagogas, praças, pontes, castelos, torres, teatros, obeliscos, muralhas, mausoléus, museus como o Hagia Sophia e mesquitas como a Mesquita Azul, belos e históricos pontos turísticos que vêm atraindo turistas estrangeiros dos cinco continentes. Mais de 42 milhões de turistas internacionais viajaram para a Turquia, sendo os turistas vindos da Rússia e da Alemanha os dois principais emissores, conforme os dados de 2019 da Organização Mundial do Turismo (OMT). Os brasileiros não precisam de visto de entrada na Turquia e o prazo de permanência é de até 90 dias.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o índice de desenvolvimento humano (IDH) da Turquia é de 0,820, ou seja, um IDH muito alto e na 54ª colocação no ranking mundial. A esperança de vida ao nascer é 77,7 anos e a média de anos de estudo é 8,1 anos em 2019. O índice de Gini é de 40,0 (PUND, 2020), em outras palavras, ocorre uma desigualdade de renda no país. A taxa de desemprego de 12,2% da população economicamente ativa (PEA) aumenta a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres na Turquia.

Na Turquia vigora uma economia de mercado, que desde 1983 mudou completamente o cenário econômico turco. As principais autoridades turcas realizaram uma série de reformas destinadas a maior abertura da economia ao mercado internacional. Entre 2000 e 2007, a taxa de crescimento do PIB turco foi em média de 7,4% ao ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Já entre 2003 e 2020, a taxa de crescimento médio do PIB anual foi de 5,1% ao ano (FMI, 2021).

É possível observar que a Turquia é uma economia emergente como o Brasil, a Rússia, a China, a Índia, a África do Sul, a Argentina, o México e o Paquistão. Recentemente, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan demitiu o presidente do Banco Central da República da Turquia, Naci Agbal, após uma política monetária contracionista, em outras palavras, aumentou a taxa de juros para 19% ao ano, na tentativa de conter a alta taxa de inflação, provocando uma forte desvalorização da lira turca em relação ao dólar americano. A Bolsa de Valores de Istambul foi obrigada a realizar dois circuit breaks, ou seja, um mecanismo que suspende os negócios na bolsa para evitar oscilações muitos bruscas no pregão (INVESTNEWS, 2021). É preocupante quando a Turquia tem uma taxa de inflação no patamar de 16,1% e uma taxa de juros real de 2,9% ao ano.

A desejável sabedoria econômica sempre planeja um futuro melhor. Na Quarta Revolução Industrial, os investimentos em energias eólica e solar são fundamentais para economia crescer. A Turquia cresceu 1,8% em 2020 e uma das causas foi o acesso ao crédito, um dos motores da economia capitalista. Segundo o Prof. Paulo Sandroni (2014, p. 195), crédito significa uma “Transação comercial em que um comprador recebe imediatamente um bem ou serviço adquirido, mas só fará o pagamento depois de algum tempo determinado”. Com o aumento da oferta de crédito cresce o consumo das famílias e o investimento das empresas, provocando o aumento nas atividades econômicas do país.

A cada ano a Turquia se aproxima mais da Rússia, liderada pelo presidente russo Vladimir Putin. A Turquia não faz fronteira com a Federação Russa, mas em 10 de outubro de 2016 assinaram um acordo de cooperação energética na construção do gasoduto submarino ligando a cidade russa de Anapa à cidade turca de Kiyiköy, pelo Mar Negro, e, em 8 de janeiro de 2020, ambos os líderes inauguraram o gasoduto TurkStream, em Istambul.

O maior líder turco foi Mustafa Kemal Atatürk, o primeiro presidente da República da Turquia em 1923 e permanecendo na cadeira da presidência em Ancara até 1938. A nota de maior valor na economia turca é de 200 liras turcas e com a esfinge do pai dos turcos, Atatürk, o que equivalente a R$ 131. A lira turca atingiu uma cotação mais baixa em relação ao dólar americano com 8,40 liras turcas em 22 de abril de 2021.

As relações bilaterais Brasil e Turquia estão crescendo a cada ano desde 1858. Entre 2008 e 2018, o ano dos 160 anos de relações diplomáticas entre o Brasil e a Turquia, o comércio bilateral passou de US$ 1,15 bilhão em 2008 para US$ 2,89 bilhões em 2018 (MRE, 2021). O Brasil é o maior parceiro comercial da Turquia na América do Sul e na América Latina. O presidente Recep Tayyip Erdogan, no poder desde 2003, pretende transformar a Turquia, um país euroasiático, em uma das dez maiores economias do mundo.

A Turkish Airlines voa para 319 destinos nacionais e internacionais, com voos diretos de Istambul para São Paulo desde 2009. O Aeroporto Internacional de Istambul é um dos mais movimentados da Europa nos primeiros quatro meses de 2021 (AGÊNCIA ANADOLU, 2021). Com a vacinação em massa contra o SARS-CoV-2 podemos aumentar os fluxos de turistas internacionais e de bens e serviços exportados e importados entre as duas economias emergentes, além de mais investimento estrangeiro direto (IED).

A economia turca produz e exporta aço, alumínio, baterias, carros elétricos, amêndoas, avelãs, cerejas, camisas, chá, damascos secos, ferro, flores, móveis, ouro, petróleo, mel, roupas, tapetes, trigo, tangerinas, turquesa, sorvete e uvas para o mundo. Os principais destinos das exportações turcas são os países europeus, em especial, a Alemanha. A Turquia importa produtos agropecuários do Brasil, destacando-se, soja em grãos, café, algodão, fumo, carne de frango, açúcar, arroz, carne bovina, milho e suco de laranja.

A Turquia sofre com a pandemia do novo coronavírus, é o 5° colocado mundial com mais de 4,9 milhões de casos de COVID-19, por isso, iniciou um lockdown em 29 de abril até 17 de maio de 2021 para frear o avanço do SARS-CoV-2, que já matou mais de 42 mil pessoas (UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS, 2021). A economia turca enfrenta uma forte queda do fluxo turístico, elevado desemprego, alta dívida externa, altos impostos e fuga de famílias e de empresas turcas para o resto do mundo, sobretudo, Alemanha, além das demandas curdas. A Turquia acolhe a maior população de refugiados do planeta, mais de 4 milhões de refugiados dos países asiáticos vizinhos ou não, mas os Médicos Sem Fronteiras (MSF) não prestam serviços de saúde no país por questões políticas.

A Turquia é uma nação que une o Ocidente ao Oriente, é um país milenar muito encantador aos olhos dos turistas estrangeiros. A Turquia é uma potência emergente, mas seu destino atual está nas mãos do presidente Erdogan, que já demitiu quatro presidentes do Banco Central da República da Turquia e colocou seu genro Berat Albayrak para ser o ministro do Tesouro e de Finanças, que renunciou ao cargo por problemas de saúde. Sabemos, que desde a Idade Antiga, o que acontece no território turco, muda os caminhos da humanidade. A Queda de Constantinopla (hoje, Istambul) em 1453, encerrou a Idade Média e iniciou a Idade Moderna. Portanto, são grandes os problemas e os desafios da Turquia em plena Idade Contemporânea, é preciso estar bem atento aos rumos da economia turca nos dias atuais e até 2023, o ano dos 570 anos da Queda de Constantinopla e do centenário da criação da República da Turquia.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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