João Pessoa, 09 de maio de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Como todas às vezes quando há chacinas, as mães ficam tristes, assustadas, e o tempo para. Parece cada vez desacordadas para a calamidade que devora pretos e pobres há décadas. Eu disse décadas? Os 20 e 8 mortos eram todos bandidos?
A sensação da impunidade, da impotência, não cabe no coração dessas mães. “Nós não podemos ter essa intimidade com a morte”, lembrou Reinaldo Azevedo.
Mais uma vez, as balas devastam pobres e pretos. Vidas bem mal cuidadas, filhos metidos no trafico, de que fala o noticiário, mas as mães carecem de solidariedade.
Jacarezinho ou qualquer outro morro, lugares que não recebem turistas, mas que têm aqueles vasos com flores nas janelas e fazem sentidos. As mães são únicas.
Acho que lugar de bandido é longe da civilização, mas eram todos bandidos? Balas onde se acumulam cadáveres ou apagões sitiados por labaredas que não vendem postais.
Não defendo bandidos, jamais, mas a dor das mães, migram estradas.
A devastação que está a seguir dos mortos pela Covid 19, diante de tantas dores, são cenas que brotam todos os dias. Polícia deflagra extermínio em plena pandemia, a mais longeva da história do Brasil.
A notícia das perdas dos filhos caíram como se fossem um eletrochoque. Um eletrochoque sim, que vem transvestido de uma falsa inocência.
Por que tanta violência, essa calamidade que fustiga o Brasil nos últimos dias.
Questionemo-nos.
O essencial parece cada vez mais invisível aos olhos, aos fuzis, a agir a montante coragem das mães de Jacarezinho, que vão levar anos batendo no coração delas.
Vamos limpar as matas, fazer a reflorestação com espécies de árvores que tragam frutos e sombras, sobretudo para o futuro.
Infeliz dia das mães de Jacarezinho.
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OPINIÃO - 22/11/2024