João Pessoa, 08 de outubro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Os Estados Unidos pediram nesta segunda-feira (8) que, no futuro, sejam levados em conta os mais de seis milhões de pessoas que votaram na oposição na Venezuela ao elogiar a alta participação dos eleitores na votação de domingo (7) que reelegeu Hugo Chávez.
"Acreditamos que as posições de mais de seis milhões de pessoas que votaram na oposição devem ser levadas em conta no futuro", afirmou o porta-voz para a América Latina do Departamento de Estado, William Ostick, em um correio eletrônico.
Os Estados Unidos também elogiaram os venezuelanos pela alta participação e a maneira pacífica com que as eleições transcorreram.
A Venezuela votou neste domingo por mais seis anos de governo do presidente Hugo Chávez, rejeitando a renovação proposta pelo jovem candidato opositor Henrique Capriles Radonski, em eleições qualificadas como as mais disputadas da história do país.
Chávez foi reeleito com 54,66% dos votos, o que representa 7,7 milhões de eleitores, contra 44,73% (6,3 milgões) para o ex-governador Henrique Capriles Radonski, informou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) após a apuração de 94% das urnas. A participação foi de 80,94% do eleitorado.
Eleitores expatriados
Milhares de venezuelanos radicados no exterior viajaram no domingo a Nova Orleans a fim de participar da eleição presidencial, e a maioria voltou para casa frustrada com a nova reeleição de Hugo Chávez.
Em aviões e ônibus fretados ou de carreira, ou em seus próprios carros, venezuelanos precisaram viajar à Louisiana porque a Venezuela fechou neste ano seu consulado em Miami. A maioria declarava voto no rival de Chávez, Henrique Capriles.
"Nós nos sentimos orgulhosos por termos feito esse esforço. Infelizmente, o resultado não é o que esperávamos", disse a professora Becky Prado, que vive em Miami desde 2002.
Ela viajou 16 horas de ônibus para votar. "Vimos os resultados nos nossos celulares. Houve choro. Não é uma viagem feliz", disse ela. "Tem whisky no fundo do ônibus."
Durante o dia, a fila de eleitores nos arredores da zona eleitoral, montada num centro de convenções de Nova Orleans, se estendia por vários quarteirões. Muitos venezuelanos cantavam o hino nacional e agitavam bandeiras do país. Palmas eclodiam cada vez que chegava mais um ônibus com eleitores.
O sentimento predominante era a torcida pelo fim do governo de Chávez, um socialista eleito pela primeira vez em 1998 e que se tornou a principal voz antiamericana da América Latina.
Carolina Norgaard já estava na fila fazia três horas e meia, e provavelmente teria de esperar mais uma antes de votar, mas dizia valer a pena. "Hoje é o dia em que tomamos a decisão mais importante para o nosso país", disse.
Venezuelanos de classe média e alta, assustados com a criminalidade e com a redução das oportunidades econômicas, lideraram o êxodo de profissionais nos últimos anos.
Segundo o Censo dos EUA, havia no país em 2010 cerca de 215 mil venezuelanos, bem mais do que os 91 mil de dez anos antes. A maioria vive em Miami e arredores, numa comunidade majoritariamente antichavista.
Na eleição de 2006, Chávez teve apenas 2% dos 10.799 votos de venezuelanos em Miami.
Chávez mandou fechar o consulado em Miami depois que o governo dos EUA expulsou a cônsul, acusando-a de ter conversado com colegas iranianos e cubanos sobre possíveis ataques cibernéticos aos EUA.
Por causa disso, 20 mil eleitores venezuelanos da Flórida, Carolina do Norte, Geórgia e Carolina do Sul precisaram viajar por conta própria até Nova Orleans, onde fica o consulado mais próximo.
G1
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