João Pessoa, 22 de junho de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Resisti o quanto pude. Primeiro, às investidas da minha nora Mariana querendo que eu assistisse. Depois, aos alunos querendo que engrossasse os cordões de seguidores. Acontece que eu sou chato com unanimidade. Se todos começam a falar uma mesma palavra, eu já não falo. Como dizem, crio logo ranço.
Alguém famoso, então, novas celebridades não contam com a minha simpatia. Tinha, no entanto, um ingrediente a que eu não faço resistência: se for paraibano ou paraibana. Se for nordestino também. Aí, já olho com olhos de compreensão e acolhimento.
Primeiro, temos esse orgulho não sei nem de quê. Aliás, sei. Assim como um preto se prepara para defender sua cor, sua igualdade e dignidade, diante de qualquer branco, branquinho ou amarelo; a gente também tem a pele ardente. O senho franzido. Somos “branquinho, neguinho, branco, negão. Azul, amarelo, verde, verdinho, marrom.” Somos pardos, Zeca Baleiro. Eu, você, João do Vale, Sivuca, Clementina e Hermeto Paschoal.
Tem outra coisa. Por conta dessa genética sertaneja, a gente já nasce desconfiado. Com um pé atrás, como se diz por lá. Olha as coisas com um olho só. Eu era assim. Olhava o mundo com um olho fechado e outro aberto. Certamente, tinha alguma sensibilidade à luz, mas meus irmãos achavam que era uma mania minha. Vai ver eu imitava meu padrinho, Dr. Maurício Cajuaz, que me abençoou, na pia do batismo, assim: – Deus te faça um médico como eu. Deus foi lá e fez!
Já estava desconversando a conversa que iniciei. Fiquei curioso, de fato. Mulher. Nordestina. Com chapéu de couro, e virando fenômeno televisivo. O jeito que teve foi prestar atenção. Por que alguém vira fenômeno? É capaz de fazer passar, através das câmaras e das telas de TV, alguma mensagem que, do outro lado, somos capazes de captar?
Foi assim com essa moça. Principalmente, depois que saiu do BBB. As pessoas, que com ela estiveram, caprichosamente, enalteciam as suas qualidades. Foi no Mais Você. Em seguida, Ana Maria Braga, se desmancha: “ Não é difícil entender porque o Brasil ama essa mulher! É só ouvir ela falando. Eu adoro ter você aqui Juliette e estou muito feliz de te ver acreditando em você mesma[…]”.
AMB poderia ter interesses de audiência para a rede que representa. Quando vi, na “live” de Gil, o da Refazenda, com a voz rouca, ao lado de seus filhos artistas, puxando forró ao lado dela, e chorar emocionado, pensei: não é possível! Me rendi. Foi o jeito.
Que há pessoas do bem. Ah! Isso há. Pessoas que emanam coisas boas. Autenticidade. Simplicidade. São poucos por cento, é verdade. São aquelas que não humilham., que respeitam os Outros e saem fazendo limonada de limões sacudidos. Deus nos livre de não as ter por aí, anulando a maldade que é jogada no ar, pela expiração de gente má.
Não foi só o show do Gil. A voz suave dela, também me arrepiou. Falta só umas aulinhas de canto, respiração e de ritmo, e podemos ter uma nova cantora da terra. Se não for engano, desejo que ela alimente seu sexto sentido, e que espalhe bem-querer por todo o Brasil. Precisamos muito! Seja pura como o doce da rapadura. Nunca nos abandone, e que seja como a carne de sol e o arroz de leite, que meu pai comia todo santo dia, com prazer e alegria. Que seja como essas coisas de que a gente tanto gosta, nunca abusa e nunca esquece. . Você nos fará muito bem, moça bonita de Campina.
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