João Pessoa, 24 de junho de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Acho até cabotino de minha parte falar dele. Mas, como nascemos, crescemos e vivemos juntos até hoje, as pessoas que gozam de minha intimidade insistem em dizer que ele é muito grande. É evidente que eu não concordo, pois tenho senso crítico e sei que existem outros maiores, afinal de contas eu e ele fazemos parte de uma mesma anatomia, e por isso o conheço bem.
Embora tenha nascido comigo, percebi que sua evolução aconteceu paulatinamente. Lembro-me de sua inquietação quando do limiar das primeiras paixões; do encantamento juvenil pelas adolescentes que desejei. Eu perdia o controle sobre ele e temia vê-lo saltar das vestes.
Mas essa fase passou, veio a maturidade e os elogios continuaram a ponto de ele se convencer de que é a parte mais importante do meu corpo. Reconheço, porém, que ele também não é tão pequeno assim e não acho salutar ficar fazendo comparação com o dos outros. Admito que já causei boa impressão com muitas mulheres por conta dele, não querendo dizer com isso que em algumas delas ele as tenha tocado em profundidade. Muitas mulheres já me disseram que admiram aqueles que o tem enorme e que, nesse caso, tamanho sim, é documento.
Me pego a imaginar se as minhas conquistas pessoais e amorosas se devem exclusivamente a ele. Afinal, recordando o que dizem a meu respeito, percebo que trago comigo outros predicados: aqui elogiam minha voz; ali enaltecem minha paciência; acolá apontam meu senso de humor; meu refinado gosto musical e literário e ainda tem aqueles que, transbordando gentileza e exagerando, dizem que sou inteligente.
Mas, querem saber a verdade? No fundo ele não é pequeno e nem tão grande assim, mas posso afirmar que tenho um coração de bom tamanho e por isso dele não sofro.
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OPINIÃO - 22/11/2024