João Pessoa, 15 de julho de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Mesmo sabendo que ninguém sai vivo desta vida muitas pessoas morrem de medo de falar da indesejada. Tem gente que quando sente uma dor dilacerante costuma dizer que foi no outro mundo e voltou. Desconheço quem tenha ido para o outro lado e retornado para dizer como é a vida dos mortos. Mas isso é uma discussão para muito além.
Ao contrário de outros povos, o brasileiro é criativo ao se referir ao rito de passagem. Ir para o beleléu; bater as botas; morar na cidade de pés juntos; vestir o paletó de madeira; virar presunto, entre tantas outras são expressões que designam que o distinto ou a prezada partiu desta para outra melhor. Já a língua inglesa cunha os eufemismos “the big sleep” (o grande sono), “bite the dust” (morder a poeira), “six feet under” (a sete palmos), “bought a one-way ticket” (comprou passagem só de ida) para definir o final da nossa existência.
O tema pode parecer tétrico, mas me veio à mente com as recentes mortes de personalidades queridas do grande público. Algumas inesperadas, outras não, tanto que muitos jornais já preparam antecipadamente o obituário dessas celebridades, embora algumas passem dos cem anos e suas biografias precisam de atualização constante. Costuma-se dizer que a única coluna de jornal cem por cento imparcial é o obituário.
Apesar de muitos jornais não mais publicarem as informações sobre os falecimentos de famosos e anônimos em coluna específica; outros ainda mantém o obituário muito vivo e com leitores fiéis, como foi a minha finada mãezinha que ficava sabendo que seus amigos (e quiçá inimigos), tinham esticado a canela através da leitura diária do necrológio.
Portanto, se você é pessoa muito importante e conceituada é possível que seu obituário já esteja escrito por algum jornalista que não gosta de deixar trabalho para última hora.
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TURISMO - 19/12/2024