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Um trem turístico com 483 passageiros ficou preso por mais de seis horas no meio da cordilheira dos Andes, em San Antonio de los Cobres, a noroeste da cidade de Salta, na Argentina, entre a noite de sexta-feira (21) e a madrugada deste sábado (22).
Dois dos passageiros, o médico brasileiro Valdecir de Jesus Machado, 49, e sua mulher, Rosemary Müller Machado, 52, conseguiram ligar para seu filho em Jundiaí na noite de ontem relatando o problema. Segundou eles, havia outros dez brasileiros no trem.
Segundo o estudante Pedro Müller, 22, filho do casal, seus pais disseram, às 22h30, que já estavam há quatro horas presos após o trem turístico em que estavam quebrar no meio da neve, a 3.774 metros de altitude.
A reportagem não conseguiu contato com a empresa que faz o passeio. Em sua página oficial no Facebook, no entanto, a Tren a las nubens disse ter havido um problema técnico na locomotiva do trem e que o plano de emergência foi acionado. Segundo o comunicado, publicado há sete horas, dez ônibus levaram os passageiros de volta à cidade de Salta.
Os pais de Pedro disseram que havia outros dez brasileiros no trem turístico, que vai de Salta (a 1.484 km da capital Buenos Aires), no noroeste argentino, até o viaduto de La Polvorilla, na cordilheira dos Andes, a 4.220 metros de altitude. Eles relataram ter acabado o oxigênio dos tubos de emergência, assim como água e comida.
A reportagem não conseguiu contato com Valdecir e Rosemary Machado.
O universitário tentou entrar em contato com o Itamaraty na noite de ontem, sem sucesso. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério de Relações Exteriores, que não tinha conhecimento do assunto até o contato da Folha, o procedimento correto seria entrar em contato também com a Embaixada brasileira em Buenos Aires e o consulado em Córdoba, para notificar o ocorrido.
Segundo o jornal argentino "Clarín", o governo da província de Salta disse que vai pedir informações à empresa responsável, "para determinar as responsabilidades do caso".
O trem já havia apresentado problema em Diego Almagro, a 3.503 metros da altitude, um dos locais pelos quais a locomotiva passa, de acordo com o jornal "El Tribuno", de Salta. Segundo relatou uma passageira ao jornal, eles ficaram três horas parados no local, até que a locomotiva fosse trocada e a viagem continuasse.
Na volta do viaduto La Polvorilla, ponto final da viagem, o trem apresentou problema na estação San Antonio de los Cobres, a 3.774 metros de altitude.
REVOLTA DOS PASSAGEIROS
Os 483 turistas que faziam a viagem se revoltaram com o serviço prestado pela companhia, segundo o "El Tribuno", por terem ficado mais de seis horas parados e pela falta de previsão de resolução do problema.
"Nos disseram que as locomotivas não têm a manutenção que deveriam", disse uma passageira ao jornal argentino. Mal voltaram à Salta, os turistas voltaram à estação de trens para pedir o dinheiro da viagem de volta.
Segundo o "El Tribuno", a concessionária prometeu devolver o dinheiro de todos os passageiros. Para aqueles que pagaram a passagem com cartão de crédito, diz a empresa, o dinheiro será creditado diretamente nas respectivas contas.
Folha.com
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