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Antônio Colaço Martins Filho é chanceler do Centro Universitário Fametro – UNIFAMETRO (CE). Diretor Executivo de Ensino do Centro Universitário UNIESP (PB). Doutor em Ciências Jurídicas Gerais pela Universidade do Minho – UMINHO (Portugal), Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (Portugal), Graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Autor das obras: “Da Comissão Nacional da Verdade: incidências epistemiológicas”; “Direitos Sociais: uma década de justiciabilidade no STF”. E-mail: [email protected]

A Quarta Revolução da Educação e o Semestre de 2021.2

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publicado em 26/07/2021 ás 07h30

Sir Anthony Seldon (foto) e Oladimeji Abidoye, na obra “The fourth education revolution: will artificial intelligence liberate or infantilise humanity”, mapeiam quatro eras ou “revoluções” da educação. A quarta revolução, na visão dos autores, consiste na integração entre educação e novas tecnologias, como inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual, big data etc.

Para os autores, alguns aspectos da educação de hoje estão presentes desde a era da massificação do ensino: professores têm um domínio do conhecimento em suas áreas superior ao dos seus alunos; eles comandam o ambiente de aprendizagem; estudantes são separados de acordo com a idade; o dia é separado em atividades divididas em diferentes temas; os estudantes fazem provas em períodos pré-estabelecidos. Com a quarta revolução da educação, a maioria dos aspectos acima deixará de ser a regra na experiência educacional.

Em conversa com uma coordenadora de curso, esta apontou que alguns dos alunos estariam receosos em relação ao próximo semestre. Supus que os alunos estivessem ansiosos para retornar à modalidade 100% presencial em aulas teóricas. A gestora me relatou, porém, que muitos alunos estão trabalhando no horário da aula, valendo-se da possibilidade que lhes foi concedida de assistir às aulas, que são gravadas, em turno diferente do previsto. Para esses alunos, a manutenção da modalidade remota das aulas teóricas seria fundamental para preservar seus empregos. Vários outros relatos de gestores acadêmicos – notadamente de coordenadores de curso – bem como de professores, sugerem que os alunos valorizam a assincronia experimentada nos últimos semestres.

Muito se fala em relação a implantar, nas universidades, uma visão centrada no cliente. Em face das mudanças de comportamento motivadas pelas restrições às aulas presenciais, qual é a postura mais adequada para uma universidade centrada no aluno? É recomendado voltar ao mesmo modelo executado em 2019? Devem as instituições permanecer com o modelo remoto? Neste caso, o mais indicado seria o ensino remoto em todos os momentos e em todas as unidades curriculares? Os gestores acadêmicos devem separar rigidamente os seus modelos educacionais – presencial, a distância, remoto?

As indicações de mudanças de comportamento do estudante anteriormente apontadas me impelem a considerar menos adequada a opção de, simplesmente, voltar aos mesmos patamares de 2019. Os universitários têm diversos perfis. Mesmo quando se trata de alunos pertencentes a uma mesma instituição, é possível perceber que há perfis diferentes em relação a aspectos como: acesso à internet; habilidades no manuseio da tecnologia; capacidade de auto-organização etc.

Não creio, contudo, em uma resposta única para uma nação plural como o Brasil. O que é fundamental, no momento, é criar mecanismos para entender como a universidade particular pode ajudar mais o estudante, considerando aquilo que este espera extrair da experiência universitária.

Em síntese, a quarta revolução da educação há de modificar alguns aspectos que ainda são dominantes na experiência educacional. No que diz respeito à presencialidade, há indícios de que alguns estudantes enxergam benefícios na modalidade remota. Cabe a cada instituição averiguar, junto aos seus alunos, quais são os tipos de ofertas educacionais mais adequados aos seus estudantes.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB