João Pessoa, 01 de agosto de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Ney Matogrosso chega aos 80 neste domingo, 1º de agosto. No palco ele mostra a vitalidade. Quando esteve no Teatro Pedra do Reino, com o show “Bloco na Rua”, Ney levantou a plateia com sua performance. Um pavão que surge em Ney, mais misterioso que o da canção de Ednardo, e firma-se como um grande pássaro, a transformação mais acertada de um artista.
De cara lavada e raramente aparecendo em lives, o artista conversou com a Rádio Vanguarda do Vale (Ipatinga, Minas) e eu grudei meus olhos na luz do celular.
De cara, o entrevistador perguntou como ele se mantinha inteiro chegando aos 80. Ney disse que sempre come pouco, faz ginástica diariamente e não tem nenhuma restrição alimentar. Eu sempre soube que comer pouco é sinônimo de saúde.
Eu nem sabia que Ney queria ser ator, revelou ele ao repórter, mas ninguém melhor que ele para estar em cena. Ney fez teatro e musicais. “Tinha uma peça que eu tinha que sair três vezes de cena para voltar na pele de outras personagens”, disse o artista.
Ney disse que a primeira apresentação com os “Secos & Molhados”, em 1972, já foi um foi “um bochicho” No início de tudo, cantando na banda, Ney tinha 31 anos.
Quando assunto foi maquiagem, Ney comentou que diziam a ele que o artista não podia andar na rua e ele não queria isso. Começou a se apresentar sempre assim. Contou que nos clubes de grã-finos de São Paulo, no auge da ditadura, sentia certa rejeição. O artista entendeu que estava provocando uma mudança. “Eu estava exercitando a minha liberdade e vocês exercitem a de vocês”, disse ele repetindo o que dizia na época à imprensa.
Quando cantou Cartola, não o fez maquiado.
Em Brasília, Ney ajudou crianças portadores de várias doenças. Um trabalho que engrandeceu ainda mais sua generosidade. Chegou a conduzir crianças em cadeiras de rodas ao zoológico e vários lugares “Foi a única vez que eu gostei de trabalhar”, disse ele, que também ajudou bastante as pessoas que tem hanseníase.
Ney Matogrosso canta tão bem, com uma voz de um homem que se aproxima da voz feminina. Toda vez que o artista canta a música passa a ser dele. Não há um Ney Matogrosso “standard”. Ney recria uma canção quando canta. Ezra Pound talvez dissesse sobre o Ney: é um reinventor. Um mestre sem discípulos.
A novidade é que o jornalista Julio Maria, um dos aplaudidos críticos de música do país, ancorado no mar das páginas de “O Estado de S. Paulo”, é quem assina a nova biografia de Ney Matogrosso, que sairá no dia 27 deste mês, pela Civilização Brasileira.
“Ney Matogrosso – A Biografia”, é um presente para os fãs. Mais um livro sobre um artista ainda vivo e em atividade, e sobre o qual se pesquisará muito mais. São 512 páginas. Biografias, como sabemos, mesmo quando excelentes, são sempre provisórias.
Ainda na live, Ney fala da canção “Poema”, que Cazuza escreveu para sua avó quando ele tinha 17 anos. “A Lucinha me ligou dizendo que tinha achado dentro de um livro. “É uma das músicas que as pessoas mais conhecem do repertório”. Quem botou a melodia foi Frejat”.
Indagado se Cazuza foi o grande amor, ele disse que “o grande não” que teve muitos amores. O que é o amor para Ney? “O amor é que move, o que nos mantém coeso, amor é catalisador de tudo de bom. A paixão é estranha, o amor é diferente, a paixão prova equívocos”.
Ney de Souza Pereira é Ney Matogrosso.
Lançamento do EP neste domingo
Com mais de 50 anos de carreira, 27 álbuns de estúdio, milhões de discos vendidos, Ney Matogrosso assinou com a gravadora Sony Music e vai lançar mais um álbum de estúdio, “Nu Com a Minha Música”. O artista lançará neste domingo o primeiro EP do projeto “Nu Com a Minha Música”, com quatro canções, entre elas a faixa-título, composta por Caetano Veloso. Oferecendo um presente para si e para a música nacional, o artista preparou um repertório de 12 canções especialmente selecionadas por ele, que serão reveladas na íntegra até o final de 2021.
Com um estilo incomum e um tom de voz excepcional, Ney Matogrosso caiu como uma bomba na cena da MPB dos anos 70, quando ainda integrava o grupo Secos & Molhados. O fim do grupo marcou o início de uma produtiva e próspera carreira solo, em que Ney começou a explorar sua persona sensual e carismática, acompanhada de um repertório repleto de sátiras e ironias. Com o passar do tempo, Ney passou a apresentar-se através de interpretações profundamente sensíveis de grandes clássicos da sua carreira e da música popular brasileira.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
TURISMO - 19/12/2024