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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Da sofreguidão provocativa

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publicado em 24/08/2021 ás 07h53
atualizado em 24/08/2021 ás 09h53

Eu vejo os horrores no céu e na terra do Afeganistão e escondo minha cara no chão. A impotência invoca essa tristeza e provação. A abrangência dos acontecimentos turva a minha compreensão do mundo. Eu sou ninguém.

Famílias de Cabul sendo destruídas, mães entregando os filhos a soldados americanos por cima de uma parede sobre fios de arames, para que eles possam crescer noutros lugares de paz, como gente, algo urgente, algo desesperador está acontecendo na Ásia Meridional.

Sentenças definitivas e ligeirezas sem piedade do regime Talibã instrumenta um regime desregrado, comprimindo-o entre as margens das imagens, que vazam da Internet de um inferno em chamas.

Vidas atropeladas.

Uma série dos revezes.

Da sofreguidão provocativa, só me resta escrever.

Truculência repressiva, acobertada de um poder demodê e cruel, deixam o mundo perplexo e ninguém faz nada.

O que temos visto se espraia na mesma perplexidade nas diferentes dimensões. O mundo agoniza. O mundo acabou, o mundo ainda não acabou.

O que está em jogo é a vida de cada um ou salve-se quem puder? E o outro? Onde estão nossas conquistas e avanços tão preciosos dos últimos anos?

Um viés por favor, um viés a resolver tamanha agonia, as escolhas do futuro de uma gente, nesses sacrifícios do presente.

As consequências são já conhecidas.

Saturação diante do caos humano.

Desespero geral, é o que assistimos, com o definhamento da dimensão pública da vida. Isso é muito triste. Aviões levantam voo em cenas de cinema. Corpos caem e não são doublés.

Insensibilidade.

Mais que isso. Não enxergar o elo, o ciclo, o amor ao próximo, sobrecarregando o coletivo diante de uma insensibilidade sem tamanho.

Gente, precisamos olhar para a educação dos nossos filhos.

Precisamos reconstruir a paz.

Precisamos destruir a desordem mundial.

Onde está a aderência da sociedade?

Como um trem fora dos trilhos, um comboio desgovernado, a inércia reina.

Onde é o epicentro da indignação global? O paradoxo está nos matando…

Nada tem a complexidade de um cérebro humano. Nada.

Pior – Não tem mar no Afeganistão.

Kapetadas
1 – A diferença entre a Idade das Trevas anterior e esta atual é o vapor de mercúrio.
2 – Limite mandou lembranças.
3 – Hoje não tem som na caixa

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB