Quem se interessa sobre livros e escritores, os lançamentos, resenhas, trechos de obras ainda inéditas, poesia, entrevistas e crítica literária, não pode deixar de assinar o jornal curitibano Rascunho, tabloide impresso desde o ano 2000. Só cuida de literatura e seus autores.

            É uma publicação que vem resistindo à crise que feriu letalmente alguns jornais impressos. Não sei como vem sobrevivendo, pois tem poucos anunciantes e já andou suplicando ajuda financeira a seus leitores Brasil afora. Já contribui e repetirei o gesto quantas vezes for necessário. O Rascunho é importante justamente por falar de livros quando a grande mídia quase que aboliu suas resenhas sobre o tema. Lembrei da jornalista Valéria Sinésio que gosta de textos enfocando livros e bibliotecas.

            Pois bem. Nem tudo são flores no universo dos autores. Excelente as entrevistas do “Inquérito”, onde são formuladas as mesmas perguntas aos escritores. Uma delas indaga: “O que mais lhe incomoda no meio literário?” Eis algumas respostas: “Inveja, falsidade, preconceitos, manipulações, compadrio, de tudo você encontra aí!;” “O que mais me incomoda é a arrogância de alguns e o beija-mão de outros”; “O culto ao inimigo.

           A ideia orgulhosa de que vivemos no mais pernicioso dos meios”;  “Tudo. Mas talvez mais que tudo a soberba, a falsidade, a pose, o egocentrismo, a falta de solidariedade”; “Não ter certeza se é verdade o que os escritores falam com aparente convicção”; “A pressa em publicar, ser reconhecido, receber aplausos. Trabalhei mais de 40 anos no jornalismo, e sei como é isso”; “Há uma tendência muito grande ao corporativismo, recusando qualquer coisa que não seja espelho”; “No geral, o meio literário é um teatrinho de vaidades”.

          Paro por aqui com receio de desestimular algum aspirante a escritor, mas ressaltando que em qualquer profissão se correr o bicho pega, se ficar… Bem, deixa pra lá.