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Hoje sabemos que ao incorporar a sustentabilidade de forma transversal, as empresas buscam estratégias de alinhamento inseridas no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). De acordo com o PNUMA, a Economia Verde significa “uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz, significativamente, riscos ambientais e escassez ecológica”. No mercado financeiro brasileiro as empresas mais indicadas para investimentos a longo prazo são as que se preocupam com os impactos ambientais sem deixar de produzir bens ou ofertar serviços e contribuem com projetos para o desenvolvimento sustentável.
Várias empresas brasileiras ofertam ações ordinárias e preferências na bolsa de valores oficial do Brasil, com sede na capital paulista, a Brasil, Bolsa, Balcão (B3) como a PETR4, TAEE11, ITSA4, BBAS3 e NTCO3. Elas assumiram uma responsabilidade ambiental, em outras palavras, direcionar as aplicações de recursos e auxiliar a transição de uma economia marrom e de alto impacto para uma economia verde e de baixo impacto, com gestão de riscos assertiva, além da elaboração de modelos inovadores de captação de recursos.
As cinco empresas brasileiras consideram em seu planejamento a questão das mudanças climáticas e priorizam os negócios que aproveitem as oportunidades de uma economia de baixo carbono e inclusiva. Além disso, identificaram as cadeias produtivas sustentáveis que possam fomentar a Economia Verde, especialmente para atender às necessidades de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) assumidas pelo Brasil na Conferência das Partes (COP), em Paris, no ano de 2015.
A empresa que oferece a PETR4 é a Petróleo Brasileiro S.A, a Petrobras, uma empresa fundada em 3 de outubro de 1953. A Petrobras é uma empresa petrolífera “movida pelo desafio de prover energia” e as ações PETR4 são chamadas de ações ordinárias e também podem ser representadas pela sigla ON. Essas são as mais conhecidas e comuns no mercado de capitais no País, especialmente pela garantia que dão ao investidor de participar de forma direta na tomada de decisões da empresa.
A Petrobras publicou o Relatório de Sustentabilidade 2020, no qual revela os avanços obtidos como a redução das emissões absolutas de GEE em 5% em 2020, na comparação com o ano de 2019. Na última década, entre 2009 e 2019, a Petrobras aumentou a produção em 40% sem aumentar emissões de GEE e poderá fazer mais até 2030 e reduzir em 25% das emissões absolutas operacionais totais em relação a 2015. A Petrobras também apoia financeiramente projetos de recuperação ou conservação direta de florestas e áreas naturais da Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pampa
A empresa que oferta a TAEE11 é a Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (TAESA), empresa fundada em 2000 na capital mineira. As ações TAEE11 são chamadas de ações preferenciais e também podem ser classificadas pela sigla PN. Por meio de seu patrimônio a TAESA está inserida em diversos biomas do território nacional, bem como em diferentes contextos ambientais. Conforme definido pelo conceito de desenvolvimento sustentável, buscando um desenvolvimento que atenda às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades, com o compromisso da TAESA de estabelecer o Sistema de Gestão de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SGSMS).
Possuindo um Programa de Gerenciamento de Resíduos (PGR), a TAESA tem por objetivo minimizar a geração, maximizar a reutilização e o reprocessamento de resíduos como plásticos, fios de cobre, cabos metálicos, entre outros. Eliminar ou reduzir desperdícios, seja na implantação ou na operação e manutenção das torres de transmissão de energia, atendendo à demanda da economia brasileira por energia elétrica, além de destinar adequadamente os resíduos ou rejeitos que possam causar danos à saúde e ao meio ambiente, como também, recuperação de áreas degradadas, reposição e recuperação florestal.
A empresa que oferece a ITSA4 é a Itaúsa S.A., uma empresa brasileira e holding de investimentos nos setores financeiro e industrial. A Itaúsa foi fundada em 1966 e é uma empresa que tem práticas ambientais, sociais e de governança corporativa. Ela é também uma holding brasileira que compõe a carteira do Dow Jones Sustainability Index (DJSI). Por mais de uma década a empresa participa do DJSI, que inclui sete empresas brasileiras (Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Itaúsa, Klabin, Lojas Renner e Cemig).
A Itaúsa é “a holding com maior base de acionistas da B3” e conta com a Comissão de Sustentabilidade, “criada com o objetivo de assessorar no direcionamento da gestão socioambiental e na identificação de oportunidades de impacto social positivo, influenciando Comitês, Fundações e Institutos das empresas do portfólio sobre assuntos relacionados ao tema” como os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A empresa da BBAS3 é o Banco do Brasil S.A., o primeiro banco brasileiro fundado no Brasil colonial. É cada vez maior a demanda por um sistema financeiro sustentável no País. Os clientes, em especial, as novas gerações, buscam se relacionar com empresas sustentáveis ou orientadas por propósito verde. Investidores são cada vez mais exigentes em relação ao desempenho e a divulgação de informações com critérios de análise Ambiental, Sociedade e Governança (ASG). Os reguladores, por sua vez, mais rigorosos em relação aos critérios socioambientais e de transparência.
Então surgiu o Plano de Sustentabilidade do Banco do Brasil (BB) intitulado Agenda 30 BB, para garantir que os seus negócios e processos promovam o desenvolvimento sustentável, com resultados de curto, médio e longo prazo, dependendo da avaliação correta dos riscos e oportunidades na situação econômica nacional e global. A gestão de risco foi integrada à cultura corporativa, diretamente relacionada à continuidade do negócio, com mais atenção à governança, além dos fatores sociais e ambientais.
O Banco do Brasil desempenha um papel fundamental de avaliação de riscos enfrentados pela empresa, nos parâmetros da ASG, no debate da sustentabilidade, especialmente investimento sustentável. Por esses motivos, o Banco do Brasil se torna uma referência para investimentos a longo prazo na B3, em forma de ações ordinárias.
A última empresa analisada e que oferta ações aos investidores brasileiros e estrangeiros é a NTCO3, a Natura Cosméticos S.A., uma empresa brasileira fundada em 1969 no ramo de cosméticos e já com atuação direta em oito países. Desde 2007, a Natura se tornou uma das cinco empresas mais sustentáveis da B3 (hoje, a quinta maior bolsa em valor de mercado do mundo), porque 90% das fórmulas da Natura “são feitas com ingredientes naturais e, portanto, renováveis”.
A visão de sustentabilidade norteia a Natura, na qual prevê que em 2050 só terá valor se for uma empresa geradora de impacto positivo. A população da Terra chegará a 9 bilhões de habitantes no ano de 2050. Foi nesse sentido que, já em 2007, ela lançou o Programa Carbono Neutro para contabilizar, reduzir e neutralizar as emissões de GEE. A ideia é adaptar as atividades ao equilíbrio do planeta, privilegiando a sua biodiversidade e fazendo uso consciente e inteligente dos seus recursos, mesclando o que há de melhor na ciência cosmética com o conhecimento tradicional das comunidades envolvidas na cadeia de ativos da sociobiodiversidade brasileira.
Alertamos que desde a Revolução Industrial, no século XVIII, começaram a intensificar a demanda por recursos naturais e a gerar resíduos em um ritmo alucinante. A temperatura média da Terra subiu 1,5°C, implicando em consequências graves para a humanidade. A COP26 em Glasgow, na Escócia, atrairá os olhos verdes para o planeta Terra, novas mudanças comportamentais para combater o aquecimento global e as mudanças climáticas.
As cinco empresas brasileiras citadas neste artigo estão inseridas no ambiente da B3, as cotações delas são PETR4 (R$ 26,00), TAEE11 (R$ 37,85), ITSA4 (R$ 11,16), BBAS3 (R$ 29,53) e NTCO3 (R$ 50,69) no dia 15 de setembro de 2021 e pagam bons dividendos aos acionistas minoritários.
Em conclusão, é possível diminuir significativamente o desmatamento na Floresta Amazônica, reduzir a emissão global de GEE, aumentar o uso de energias renováveis como a energia solar e melhorar a gestão dos recursos hídricos, sendo os principais desafios incluem promover o crescimento econômico no País em bases sustentáveis, de forma que englobe cadeias produtivas com menor risco socioambiental e com maior retorno aos seus investidores no mercado de capitais.
Nota: Artigo realizado a quatro mãos, por Jorge Michael de Lima Santos, estudante do Curso de Administração no UNIESP, noturno. E por Paulo Galvão Júnior, economista e professor de Economia e de Economia Brasileira nos Cursos de Administração, Ciências Contábeis, Gestão de RH e Gestão Financeira no UNIESP
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OPINIÃO - 22/11/2024