João Pessoa, 25 de setembro de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

O hormônio de Deus

Comentários: 0
publicado em 25/09/2021 às 07h58

Meu enorme amigo Paulo Renha foi quem alertou para o assunto. Num vídeo mandado por ele e que postei durante a semana conta-se a história de um homem que estava na fila de um drive thru e, ao pagar seu café, disse à caixa que também pagaria o café da pessoa que estava no automóvel seguinte, bem que dissesse a essa pessoa (que ele não conhecia) que ela era querida.

Naquele momento o hormônio chamado ocitocina (e que juntamente com a dopamina, a serotonina e a endorfina formam os neurotransmissores da felicidade) foi liberado. No vídeo contava-se que o cidadão que pagou a conta ficou feliz, a pessoa que recebeu o café e a mensagem também ficou muito feliz, porém a moça do caixa que participou do momento ficou mais feliz ainda.

Parece bobagem, né?

Mas fui pesquisar porque meu tempo dedicado ao nadismo às vezes enche o saco. E baseado exclusivamente em indicações cientificas comprovadas descobri que a tal ocitocina é o que há. Durante o parto seu nível é extremamente aumentado estimulando as contrações uterinas e abrindo o colo do útero para a passagem do bebê. Depois continua agindo para diminuir a hemorragia. Na amamentação o bebê ingere a ocitocina pelo leite materno e isso aumenta o vínculo entre ambos.

A ocitocina também é liberada nas relações sexuais, promovendo contrações uterinas (nelas) e nos ductos seminais (neles). Isso intensifica a ligação entre parceiros sexuais.

Ela melhora significativamente a capacidade das pessoas interagirem umas com as outras, tanto que pacientes com autismo e esquizofrenia demonstram maior facilidade nessas interações quando a ocitocina é liberada. Além disso reduz o desejo por drogas porque inibe a tolerância a cocaína e álcool, diminuindo os sintomas de abstinência. Não bastasse isso tudo ela regula as emoções e o humor, favorecendo a diminuição do stress, por consequência a depressão, a ansiedade e a fobia social. Com isso é evidente que induz o sono, né?

Porém o que mais me tocou foi saber que a ocitocina afeta o senso de altruísmo e torna as pessoas mais generosas; quanto mais generosa a pessoa, mais ocitocina é liberada no organismo. É uma via de mão dupla.

Meu sonho é conseguir aplicar uma dose de ocitocina naquele meu amigo muuuito chato, que o bom Bessanger apelidou carinhosamente de “caga raiva”.     Afinal, sendo o hormônio de Deus, quem sabe um milagre acontece, né?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

Leia Também