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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O tempo que dura a vida

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publicado em 16/10/2021 ás 08h26

A liberdade vem de dentro – essa frase é repetida várias vezes no filme “Um sonho de liberdade”, de Frank Darabont. É um filme antigo, de 1995 e se passa em 1946.  De tempos em tempos, eu revejo. E aprendo. “Batidas na porta da frente, é o tempo”.

Baseado em uma história do escritor norte-americano Stephen King,  o filme trata do tempo de vida de dois prisioneiros que se tornam amigos: Andy Dufresne (Tim Robbins) é um homem acusado de matar a esposa, enquanto Red (Morgan Freeman) cumpre uma longa pena.

A liberdade vem de dentro, mostra um tempo diferente do que os relógios marcam, quando não temos mais tempo. Um longo tempo na prisão, (na Penitenciária Estadual de Mansfield, Estados Unidos, construída entre 1886 e 1910, inaugurada em 1891 e permanecendo em operação até 1990), um presidiário inocente não tem tempo para viver ali. Ele mantém a mente ocupada o tempo todo.

A liberdade vem dentro é a frase que o diretor da penitenciária diz sempre aos novos presos que desembarcam na escuridão, mas o tempo traz sabedoria, um conhecimento aprofundado dos humanos e das formas de contar a vida de cada um, o virtuosismo de cada narração. A dor urge e fala mais alto.

Esse tempo preso ou na multidão, não espera. O tempo não espera pela liberdade de ninguém. Há quem diga que o tempo é o grande inimigo. Corrompe os sentimentos, degrada-os, especialmente a amabilidade. O tempo faz apodrecer até o amor, já disse um escritor português. É triste, mas é o tempo.

A relação do tempo com a morte ou do tempo que dura a vida, é uma passagem efêmera.

Na adolescência, quando a vida parece prometer-nos tudo, é tudo ou nada. O escritor Albert Camus dá muito bem isso na obra dele; esse sentimento de que a vida nos promete tudo e o que nos dá realmente é a condenação. Quem está condenado, fora ou na prisão, não tem tempo para morrer.

Depois, há uma aceitação progressiva e que nos leva a olhar a morte com serenidade.

Não vai dar tempo? Isso é coisa de cinema. Então, trate de viver.

Kapetadas

1 – No Brasil, as pessoas que mais tempo permanecem na cadeia são os carcereiros.

2 – Certos pontos de vista não resistem nem a um argueiro.

3 – Som na caixa – “Chegue perto da janela olhe fora e olhe dentro”, Milton Nascimento e Tavinho Moura

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