João Pessoa, 23 de agosto de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A publicação das fotos do príncipe Harry nu, em um hotel em Las Vegas, revertem ao menos em parte os resultados dos esforços recentes do príncipe e seus assessores para mudar a imagem de festeiro e inconsequente talhada por escândalos do passado, segundo comentaristas que acompanham a trajetória da Família Real britânica.
"(Essas fotos) minam o trabalho que ele vinha fazendo nos últimos seis meses, com seus projetos de caridade na África do Sul e avanços em sua carreira militar, que decolou de uma forma surpreendente", acredita Ken Wharfe, ex-chefe da segurança de integrantes da Família Real e hoje escritor e comentarista de assuntos da monarquia.
"Houve um tempo em que Harry era conhecido como o príncipe das festas, que saía de casas noturnas ao amanhecer, se metia em confusões e em geral não tinha bom senso", aponta Nicholas Witchell, responsável pela cobertura da Família Real na BBC. "Recentemente, porém, Harry transformou sua imagem. Por isso, esse episódio certamente é um constrangimento e decepção para sua família e, imagina-se, para o próprio Harry."
Fotos do neto da rainha nu, ao lado de uma garota, também nua, foram publicadas no site americano TMZ Magazine e reproduzidas pela imprensa americana.
Harry, de 27 anos, foi para Las Vegas com amigos, em uma viagem particular, antes de retomar suas funções nas Forças Armadas do país. As fotos teriam sido feitas dentro do quarto de hotel em que o príncipe estava hospedado, supostamente durante um jogo de bilhar em que o perdedor teria de tirar uma peça de roupa.
A Família Real confirmou que as fotos são mesmo de Harry, de 27 anos, e terceiro na linha de sucessão do trono, mas não comentou o incidente oficialmente. Fontes próximas à realeza britânica, porém, têm enfatizado que seria razoável que o príncipe, como qualquer outra pessoa, esperasse ter privacidade em seu próprio quarto de hotel.
A imprensa britânica preferiu não publicar as fotos em um momento de conclusão do chamado inquérito Leveson, que investiga a conduta da mídia do país para a apuração e publicação de notícias que poderiam representar uma invasão da privacidade de figuras públicas, além de discutir a regulamentação da imprensa e a relação entre órgãos jornalísticos e a classe política do país.
Nova imagem – Harry foi visto pela última vez na Grã-Bretanha na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres, quando representou a Rainha Elizabeth 2ª. Em março, ele também representou a monarquia britânica em uma viagem à América do Sul e Caribe, na qual passou por vários países.
No Brasil, visitou o Complexo do Alemão, conheceu projetos sociais e jogou rúgbi com crianças carentes. Durante toda a viagem, ajudou a mostrar um lado mais "descontraído" e "simpático" da Família Real – dançando com jovens locais na Jamaica, por exemplo – mas sem fazer nada que fosse considerado inadequado.
Como definiu o especilista em monarquia da BBC, Nicholas Witchell, Harry se tornou um "trunfo" da Família Real ao conseguir cativar a opinião pública vinculando a seus compromissos oficiais como membro da realeza um certo "senso de diversão".
O príncipe também parece ter ganhado respeito por apostar em uma carreira militar. Harry chegou a ser enviado ao Afeganistão, mas voltou à Grã-Bretanha depois que sua presença no país foi revelada por veículos da imprensa internacional, colocando em risco a sua segurança.
Tais esforços ajudaram a dar ao terceiro na linha de sucessão ao trono britânico uma imagem mais séria após uma juventude repreta de polêmicas.
Escândalos – Até meados dos anos 2000, um acordo informal entre representantes da Família Real e da mídia levou fotógrafos a deixarem em paz Harry e seu irmão, William, para que completassem sua educação.
O acordo foi feito depois que a mãe dos príncipes, a Princesa Diana, morreu em um acidente de carro em Paris, em 1997, quando tentava fugir de um paparazzi.
Aos poucos, porém, conforme os dois irmãos cresciam, começaram a aparecer em tablóides fotos de ambos – e de Harry em especial – em festas e casas noturnas britânicas.
Em 2005, Harry foi fotografado na festa a fantasia de um amigo usando um uniforme nazista com uma suástica. Na época, foi obrigado a fazer um pedido de desculpas público. "O príncipe Harry se desculpa por qualquer ofensa ou constrangimento que possa ter causado. Ele reconhece que foi uma escolha infeliz de fantasia", afirmou uma nota divulgada pela Clarence House, a Casa Real britânica.
Um ano antes, o jovem príncipe foi acusado de agredir um fotógrafo em frente a uma casa noturna e em 2002, depois de admitir que havia fumado maconha, foi obrigado pelo pai a visitar centros de reabilitação.
Uol
ENTREVISTA NA HORA H - 27/11/2024