João Pessoa, 29 de outubro de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Para que uma página em branco seja preenchida, há mais suor do que se pode imaginar. A afirmação vale para todos os gêneros textuais, embora eu acredite que o suor seja multiplicado para produzir textos acadêmicos, porque alguns parágrafos de pesquisa científica podem demandar a leitura de uma bibliografia vasta. Na literatura ficcional, com exceção dos gênios, o esforço se sobrepõe ao talento.
É em Sobre a Escrita que encontro meu livro preferido de Stephen King (foto), um dos autores mais prolíficos vivos. Nele, King compartilha sua jornada literária e seus hábitos como escritor. Ao acordar, toma café com a esposa, assiste ao noticiário da CNN, prepara um chazinho e senta para escrever por 3 ou 4 horas. O autor não se coloca em um pedestal por sua produção. Pelo contrário, diz que talento é barato, vale mais a constância.
King não é o único a agir de acordo com esse pensamento. Isabel Allende, autora de origem chilena, também é conhecida por sua disciplina. Além de uma agenda apertada, com mais de dez horas diárias dedicadas à escrita, Allende firma uma data anual no calendário para começar um livro novo. Enquanto muitos ainda estão se recuperando das festividades de fim de ano em 8 de janeiro, Allende está sentada no seu computador, elaborando novas narrativas.
Se nomes populares como Stephen King e Isabel Allende apontam a disciplina como principal razão de desenvoltura literária, é possível questionar-se: para fazer Literatura, basta ter o costume de escrever? Diante da publicação de tantos títulos vazios na imprensa contemporânea, acredito que não. Talvez 99% do trabalho de um escritor dependa de hábitos, leituras paralelas, pesquisas, escritas e reescritas. Entretanto, aquele 1% que resta… Talvez seja talento.
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OPINIÃO - 22/11/2024