João Pessoa, 19 de agosto de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O australiano Julian Assange, 41, fundador do WikiLeaks, quebrou o silêncio neste domingo (19) ao falar publicamente da sacada da Embaixada do Equador, em Londres. Assange refugiou-se na embaixada no dia 19 de junho para evitar sua extradição à Suécia. Assange é requerido pela justiça sueca por acusações de agressão sexual que ele nega ter cometido.
Assange agradeceu ao presidente do Equador, Rafael Correa, e a seus apoiadores de diversas partes do mundo e foi aplaudido por uma multidão que acompanhou seu discurso. O fundador do WikiLeaks disse que a organização está sob ameaça e pediu ao presidente dos EUA, Barack Obama, que não processe ou persiga colaboradores. "Eu peço para o presidente Obama fazer a coisa certa, os Estados Unidos devem renunciar a sua caça às bruxas contra o WikiLeaks." O site revelou milhares de documentos secretos de países, principalmente dos Estados Unidos.
Assange pediu a liberdade do soldado americano Bradley Manning que foi preso acusado de colaborar com a divulgação de documentos. “Ele é um herói e um exemplo para todos nós”, afirmou.
Manning é acusado de ter transmitido ao WikiLeaks, entre novembro de 2009 e maio de 2010, documentos militares americanos sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão e 260 mil telegramas do Departamento de Estado, que a organização criada por Julian Assange publicou posteriormente em seu site, gerando uma tempestade diplomática internacional.
Manning, ex-analista de inteligência no Iraque, foi formalmente acusado no fim de fevereiro deste ano de "conluio com o inimigo", entre um total de 22 acusações, e corre o risco de ser condenado à prisão perpétua.
"O FBI deve acabar com esta investigação", disse Assange.
Asilo no Equador
Na última quinta-feira, Assange teve seu pedido de asilo concedido pelo Equador, sob a alegação de que pode ser vítima de perseguição política. Entretanto, o Reino Unido se negou a dar salvo-conduto para a saída do australiano rumo ao Equador –com isso, ele pode ser detido pela polícia britânica assim que pisar fora da embaixada equatoriana.
Protocolos internacionais estabelecem que territórios diplomáticos não podem ser violados pela polícia local.
O fundador do WikiLeaks teme que a Suécia possa ser somente uma passagem antes de uma posterior extradição aos Estados Unidos, onde é acusado de espionagem devido à publicação de milhares de documentos secretos do Departamento de Estado Americano.
Mais cedo, o advogado de Assange, Baltasar Garzón, disse que ele está "disposto a responder pelas acusações" que enfrenta na Suécia, mas quer "garantias" de que não será extraditado aos EUA. Garzón também declarou que encontrou Assange "com um estado de espírito combativo". "Ele agradece aos equatorianos e, particularmente, ao presidente Rafael Correa por ter concedido asilo a ele”, afirmou
Também o número 2 do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, se manifestou. "Seria uma boa base para negociar, uma maneira de encerrar este assunto, se as autoridades suecas declarassem sem nenhuma reserva que Julian nunca será extraditado da Suécia aos Estados Unidos", afirmou."Posso garantir que ele [Assange] quer responder às perguntas do promotor sueco há muito tempo, há quase dois anos”, finalizou.
Uol
OPINIÃO - 26/11/2024