João Pessoa, 22 de novembro de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Milhares de jovens fizeram ontem a primeira parte do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Mesmo após a polêmica envolvendo a saída de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a fala do genocida de que a prova teria “a cara do governo”, o certame aconteceu e segue no próximo domingo.
Não precisa ser “expert” no assunto ou ter formações em educação para comentar sobre a crise educacional no país. Basta que o sujeito tenha sensibilidade, assista a um telejornal e escute profissionais da área… Todos bradam num só coro: a coisa está feia.
O Enem, como sabemos, decide os rumos de muita gente. Pessoas de várias faixas etárias querem uma chance de adentrar os portões da universidade, e isso não se aplica meramente aos jovens. Um senhor, de 71 anos, chamado Hélio Lopes de Oliveira vem tentando uma vaga há vinte anos, como noticiou muitos sites de jornalismo nas últimas horas. Ou seja, são sonhos, vontades de “ser” e vencer. Mas tal realidade não interessa ao governo.
Quem lê meus textos sabe que, pelo menos aqui, neste espaço, vez e outra comento sobre política partidária. No entanto, é impossível deixar os fatos de lado. Ora, se Bolsonaro afirmou que as provas teriam “a cara do governo”, caberia a nós reagirmos, embora nada foi feito. Congresso ficou calado, instituições de ensino não manifestaram-se, enfim, um silêncio total.
Mas o Jair acertou na mosca. A edição deste ano do Enem foi um fracasso: reuniu poucos inscritos, faltou incentivo por parte do governo ao exame, além de ausência de investimentos na rede pública de ensino diante de questões fundamentais, como a evasão escolar entre pessoas mais pobres. Colocar a responsabilidade na pandemia não é desculpa. Basta olharmos a lista de ministros que passaram pela pasta da Educação; um pior do que outro, caos total.
A tal “ideologização” temida pelo mandatário da República sempre esteve em sua agenda de trabalho – que só se vale mesmo no nome – pois trabalho que é bom, nada. Enquanto crianças, adolescentes e jovens pedem socorro por um futuro melhor, Bolsonaro fala o que não sabe, preocupa-se apenas com “esquerdismo” em sala de aula e, por fim, não age.
O inacreditável é que teremos sua psicopatia até ano que vem. Até lá, o Brasil já estará de vez carcomido. Não merecemos isso. Apesar dos pesares, façamos como o Seu Hélio, citado por mim lá em cima. Sonhar nunca é demais, pelo contrário, é mais do que fundamental. Sairemos dessa, tenhamos certeza, só espero que daqui para o futuro não tão distante estejamos todos vivos.
Obviedades
Diz a machete contida no portal Extra – Memes, gírias e estilo de textos de redes sociais não devem ser usados na redação [do Enem] para garantir boa nota, avisam professores. A matéria foi publicada antes do domingo. Parece óbvio, não? Não para a maioria dos que vivem perdendo tempo nas odiosas redes sociais. O cara escreve de toda maneira, não usa pontuação adequada, não conjuga bem os verbos… E quer levar esse “jeito” para o Enem? Vais tirar zero, meu compadre. Mas essa boa e correta conduta gramatical deve ser usada sempre, não só quando o sujeito está numa seleção. Fala, se queres que te conheça. Nós nos revelamos pela fala e pela escrita. Evitar gírias, palavrões e usar um bom dicionário já fazem da pessoa um invejado, uma invejada. Quem não pode?
Soltar a franga
Nem acabamos o ano, todavia, já se fala no Carnaval de 2022. É por isso que o país não prospera… E eu que sou o culpado por ser chato em falar disso? Mas que se olhem no espelho. A pandemia não acabou, milhares ainda não completaram o esquema vacinal, isto é, não receberam a segunda dose, e querem sair soltando a franga (para não dizer coisa pior)? Especialistas da área da saúde alertam para o riscos, embora quase sempre não são ouvidos pelo povinho. Depois será tarde; a quarta-feira de cinzas não perdoa, fará valer choros e ranger de dentes.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
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