João Pessoa, 03 de dezembro de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Tem muita gente dentro dela. A bolha dá identidade e segurança, sentido de pertinência, limite cognitivo. A bolha é autopoiética, autorreferecial e circular porque só se alimenta das ideias produzidas pelos membros da própria comunidade.
Assemelha-se a uma cebola. As camadas profundas são aquelas em que estão os fanáticos, defensores extremistas da ideia matriz, formada por religiosos, militares, setores extremistas e conservadores da classe média, empresários deslumbrados e o povão “maria-vai-com as outras”.
Negam o óbvio: a eficácia das vacinas, a importância da repartição dos Poderes para a democracia e outros bens sociais conquistados pelas sociedades democráticas e plurais.
São pessoas que não pensam por si mesmas. À oposição a elas, a bolha criou um mantra: “É a minha opinião”. São os executores do ideário das pessoas que estão nas camadas superiores, por isso nunca levantam a cabeça para a realidade.
As primeiras camadas da bolha constituem-se das pessoas que estão em contato direto com o entorno, os seus líderes. Captam bem a realidade, processam as informações, distorcendo-as e introjetam nas camadas mais profundas, via redes sociais ou encontrozinhos particulares.
Enquanto unidade de sentido, a bolha fomenta a participação de seus membros em outras bolhas. O cruzamento de perfis de segmentos importantes sob uma mesma tônica ideológica transforma essas pessoas em um tipo de assassino de reputações e de verdades.
A bolha precisa de ambiente anárquico e desprovido de amarras. Seus fins difusos, elásticos e paranoicos, quase sempre ilícitos ou imorais precisam de ampla liberdade, daí que não suportam a institucionalidade.
Possui muitos líderes, ligados entre si por interesses imediatistas, quase sempre econômicos. Formam um intricado emaranhado de relações, sem estruturação verticalizada, uma sanha pela mentira, tudo distorcido e catapultado nas mentes dos zumbis que se encarregam de fazer o restante do trabalho sujo.
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