João Pessoa, 07 de dezembro de 2021 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Escrever aforismos é uma coisa louca. Eu não sei. Essa forma de expressão sucinta de um pensamento… mas como, se o pensamento voa? É quase uma “sentença”.
Numa farmácia, vi uma jovem mandar o atendente tomar naquele canto. Com 4 palavras, quase inspirou uma sequencia de um conto erótico, mas eu não conto. Regresso para casa e tento escrever. Não é nada que dê um texto.
É mais ou menos assim, o tal do mecanismo. Ou então, à noite temos uma inspiração, um princípio de espasmo e às três horas da madrugada sonhamos com sexo. E, finalmente, isso torna-se um tema, não com a jovem da farmácia. Sequer, um aforismo.
É sério. Não se pode ser um jornalista com aforismos. Isso não é possível. Mas, numa civilização em total desagregação, este género combina com qualquer coisa, “já (que) qualquer coisa doida, dentro, mexe”.
É evidente, não se deve nunca ler um livro de aforismos de uma tacada só, pois temos a impressão de caos e de uma falta de sanidade total. Nada a ver com tira essa bermuda que eu quero você sério, até porque não combina com o maiô verde, da menina preta de biquini amarelo. Já meu pai nunca usou uma bermuda.
Talvez um triângulo, eu, você, nós três aqui nesse terraço em BH, não é Alex Leite?
Ler Nicolas Chamfort (foto) já é uma porta, talvez um janelão, digo Jamelão cantando Lupicínio Rodrigues, mas não se deixe ser defenestrado.
Chamfort é foda – “O ser humano tem até de experimentar o amor, para que compreenda bem o que é a amizade”. É isso, eu sempre achei que amizade é superior ao amor, mas quem sou para ter direitos exclusivos sobre ela. Ela, quem? Tenho que parar de ouvir música, mas não consigo, é um vício.
Mudando de assunto, fui na casa do jornalista Heron Cid e Marly Lúcio para a confra do MaisPB. Lá conheci Roberto, o rei do MaisPB, Thais, Michele e Wallison Bezerra, que ainda é menino. E conheci Bejamin, o caçula da família.
Fiz um pequeno discurso e Heron lembrou o que disse certa vez o médium Divaldo Franco, de que a gente está exatamente onde deveríamos estar.
A frase pode ser um aforismo, mas não caiu na rede das generalidades instantâneas. É pensamento farol. Realmente estamos aqui, cada um na sua. Saudades de Walter Galvão.
Você tem um pensamento que parece explicar tudo, aquilo a que chamamos pensamento instantâneo. Ai sim, você não é integral, é instantâneo. Boom!
Na Rússia, na literatura russa, que eu saiba não há aforismos. Na Alemanha muito pouco. Apenas Lichtenberg e Nietzsche praticam o gênero. Se Nietzsche está nessa, é porque ele não matou Deus.
Aforismo é uma especialidade francesa.
Nem sofista, nem surfista.
A vantagem do aforismo é que lançamos como quem lança uma bofetada. Pow!
Dá licença, que Mia Couto chegou, acompanhado de Jória Guerreiro – vou entrar na sua “Terra Sonâmbula”, depois eu acordo.
Kapetadas
1 – Ciro com Moro, faz bom monturo.
2 – Tão recatada que nunca mostrou a bunda nem pra tomar injeção.
3 – Adorei a moldura da imagem de Nicolas Chamfort.
3 – Som na caixa: “ Simone e Raimunda, disparou as Luanas/A palavra bunda é o Português dos Brasis”, Caetano Veloso
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OPINIÃO - 22/11/2024