João Pessoa, 07 de agosto de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora

Dr. Marcos Paulo deixa Delegacia de Homicídios de João Pessoa e destaca saldo positivo

Comentários: 0
publicado em 07/08/2012 ás 08h30

Na última semana, algumas mudanças foram efetuadas pelo Governo do Estado na estrutura da Polícia Civil paraibana. Com isso, o Dr. Marcos Paulo dos Anjos Vilela que respondia pela Delegacia de Homicídios em João pessoa, passou a ocupar o cargo de titular da segunda Delegacia Regional, em Campina Grande. Durante sua passagem pela Delegacia da capital, Vilela implantou diversas mudanças no funcionamento do local, que vão desde a organização do quadro de funcionários e aproveitamento dos talentos existentes, até uma nova sistematização do trabalho. Isso garantiu números considerados significativos em relação ao andamento dos casos durante sua gestão.

A Delegacia de Homicídios de João Pessoa é uma das que tem a maior demanda em todo o estado. No local são instaurados mais de 70 inquéritos por mês entre tentativas e homicídios consumados e atualmente existem cerca de 1.700 inquéritos em andamento. “As pessoas tem a falsa impressão que a Delegacia de Homicídios é primo rico da polícia. Só que a demanda é muito grande e até para conseguir delegado é difícil, pois é muito trabalho”, declara o ex- delegado titular da Delegacia de Homicídios de João Pessoa e atual delegado regional de Campina Grande, Marcos Paulo dos Anjos Vilela.

Mas mesmo com efetivo considerado insuficiente e falhas estruturais, para Vilela, o local atingiu resultados bastante positivos graças a dedicação dos funcionários, associada a uma boa dose de criatividade. “Como temos pouco efetivo, precisamos criar alternativas na tentativa de melhorar alguma coisa. Eu apostei nisso e deu certo”, comemorou Vilela.

Para Vilela um efetivo minimanete satisfatórios seria se cada delegado adjunto tivesse pelo menos três escrivães e seis agentes, bem diferente do quadro atual quando as equipes são formadas por um escrivão e dois agentes. Em cidades de grande porte, as equipes chegam a ser compostas por até cinco escrivães e oito agentes para cada delegado. “Entretanto de nada adianta aumentar o efetivo apenas quantitativamente, é preciso ter agentes capacitados e especializar os investigadores, que precisam ser reciclados periodicamente”, defende.

Estratégia

Como por enquanto não é possível contar com um efetivo maior, a saída foi mudar a maneira de trabalhar. Uma das mudanças implantadas por Vilela e que obteve resultado positivo, foi o reforço no quadro de pessoal nos dias e turnos onde a incidência de crimes é notadamente maior. A primeira vista, o ajuste de pessoal disponível a demanda parece óbvio, mas não era assim que funcionava até bem pouco tempo. “Antes, tínhamos plantão de uma equipe para sábado e domingo, que é justamente quando mais ocorrem crimes. Agora, de segunda a quinta-feira uma equipe fica trabalhando e no fim de semana são duas, dessa forma é possível dividir o serviço e fazer um local de crime mais bem feito, obtendo êxito em inúmeros casos”.

Recentemente também foi criado um núcleo da Delegacia de Homicídios em Santa Rita na tentativa de desafogar o trabalho em João Pessoa, mas ela ainda não funciona 24 horas. Para Vilela, o ideal seria ter um núcleo em Bayeux, um em Cabedelo e outro em Santa Rita. Com isso a mesma equipe que foi chamado ao local do crime poderia investigá-lo, melhorando a qualidade da coleta de provas.

Vilela também destaca como fundamental, a parceria com o titular da Delegacia de Entorpecentes, Alan Murilo Terrues, já que 85% dos homicídios registrados em João Pessoa tem alguma relação com o tráfico de drogas, seja por dívidas ou disputas entre facções. “Já vimos aqui pessoa serem mortas por R$ 10, infelizmente”.

Ainda entre as inovações, houve uma que gerou muita controvérsia inicialmente, mas que acabou trazendo resultados bastante positivos: estabelecer metas para os delegados. Até o terceiro dia útil de cada mês, os cartórios precisam apresentar relatórios de resultados com oitivas e mandatos cumpridos. A meta inicial era de no mínimo cinco inquéritos relatados por mês, mas já houve delegado que conseguiu 25. Todos os cartórios precisam também apresentar resultados: relatórios das ordens de missão, oitivas e mandatos cumpridos. Com isso, o primeiro semestre desse ano fechou com 232 prisões, 2.498 oitivas e 295 inquéritos relatados, sendo que 84% deles já com autoria.

Para otimizar os serviços, a cidade foi dividida em quatro áreas, cada uma delas têm dois cartórios. Cartório é o nome que recebe uma equipe formada por um delegados, um escrivão e pelo menos dois agentes, nos cartório da zona sul são quatro agentes, já que se trata de uma área onde a incidência de crimes é maior. “O que isso traz de positivo é que você consegue especializar as equipes com informação sobre criminalidade e homicídios naquela área, o que melhora bastante a desenvoltura da delegacia”.

Outra medida que rendeu mais dinâmica ao trabalho foi o desenvolvimento de um sistema onde todos os laudos são cadastrados e todos os ofícios ganham uma numeração única, isso facilita a sua localização posteriormente. “A Delegacia tinha uma grande carência na distribuição de laudos. Tínhamos 400 laudos para ser distribuídos quando cheguei”, conta Vilela.

O maior problema atualmente é que para funcionar de forma eficiente, a Polícia precisa atuar alinhada ao judiciário. “Nós não decretamos prisão, apenas em caso de flagrante, o que prejudica o trabalho. Quando concluímos um inquérito, o ideal seria que em até 24 horas houvesse uma resposta do Ministério Publico e do judiciário”. Vilela explica que se a prisão não for realizada de imediato, o acusado ganha tempo suficiente para fugir. “Isso dificulta a conclusão do trabalho, ou seja, o inquérito está concluído, entretanto o acusado continua solto”, lamenta.

Assessoria de imprensa