João Pessoa, 05 de agosto de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Uma brasileira residente na cidade de Aleppo, onde se concentram os combates mais violentos na Síria, falou neste sábado (4) ao Jornal Nacional. Ela está pronta para começar uma jornada perigosa – vai tentar fugir do fogo cruzado entre rebeldes e tropas do governo.
Em Damasco, as forças do governo fizeram um violento ataque para eliminar redutos ocupados pelos rebeldes. Vários bairros de Aleppo, controlados pela oposição, foram bombardeados. O governo mandou helicópteros, blindados e 20 mil homens para tentar recuperar o centro econômico do país.
Insurgentes dizem que invadiram o prédio onde funciona a TV estatal, para impedir novas transmissões. O governo diz que terroristas foram mortos quando tentavam atacar a emissora.
Imagens na internet mostram crianças apavoradas em abrigos improvisados e dezenas de pessoas entrincheiradas na cidade, tentando fugir dos confrontos. Uma delas é Priscila Ibrahim Bacha, que conversou neste sábado (4) com o repórter Ronaldo Ragadali, da RPC TV de Foz do Iguaçu.
A brasileira, de 25 anos, mora com o marido sírio e dois filhos em Aleppo, e conta que mudou de endereço quatro vezes para escapar das bombas. Ela relatou a angústia de quem vive em meio à guerra civil.
"Você escuta a noite toda, é tiroteio, de bombardeio. A gente passa o tempo todo no corredor da casa do meu cunhado, agachados, né? Bombas saindo, aviões em cima da nossa cabeça… Crianças chorando, é horrível”, conta Priscila.
Segundo a família, Priscila e os dois filhos devem deixar Aleppo nos próximos dias, com a passagem paga pelo governo brasileiro. Mas a situação do marido ainda está indefinida porque o casal diz não ter dinheiro para custear a passagem aérea dele.
Priscila e os filhos deverão fazer um caminho perigoso até conseguir chegar até o aeroporto de Aleppo. De lá, os três seguem de avião ate Damasco. Na capital, a família terá que atravessar por terra mais 60 quilometros até a fronteira com o Líbano.
Os pais dela, no Brasil, estão apreensivos. "Meu coração só vai ficar tranquilo quando ela me ligar do Líbano falando ‘mãe, está tudo em ordem, estamos aqui’”, diz Vani Eroud, mãe de Priscila.
“Agora estou mais tranquila. Pelo menos, a gente fica mais um pouco aliviada, né? Espero voltar para o meu país", afirma Priscila.
G1
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