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O excelente livro de Elinaldo Leal
Encerrei o ano de 2021 com a alegria de ver um livro de um amigo publicado pela Astrolábio Edições (Portugal, Brasil, Angola e Cabo Verde), e muito honrado em ter feito o seguinte prefácio:
O convite para prefaciar o presente livro vem chancelado por uma amizade que começou na adolescência e que ainda perdura na madureza. Não é lugar-comum ressaltar que fui tomado por um misto de surpresa e alegria ao ter meu nome lembrado pelo autor. As histórias aqui narradas são muito envolventes e, de fato, aconteceram.
Não pense o leitor que Quando a cidade dorme se trata de uma biografia ou meramente memórias. Não, tem um quê a mais. Tem verdade, ficção, recordações e um forte tonificante emocional que pulsava inquietando o protagonista, pugnando por vir à tona num acerto de contas interior. Isso vem a ratificar uma resposta dada por Guimarães Rosa a um jornalista estrangeiro nos idos de 1965: “O que pode uma pessoa fazer do seu tempo livre a não ser contar estórias?”. Elinaldo Leal, embora aposentado do Banco do Brasil, não goza de total inatividade laboral, vez que psicólogo de formação, exerce sua profissão atendendo em uma clínica na capital paraibana. Elinaldo, leal consigo mesmo, contou essas estórias no fluir de seu dia a dia.
Sabia-o jovem inteligente, alegre, amigo dos amigos, amante da boa música e das artes diversas, mas desconhecia esse pendor para a escrita que agora se configura neste livro escrito com engenho e arte; de leitura agradável e fluente, sem arroubos de erudição. Há uma bonita história de amor – como sói acontecer com as histórias de amor -, mas não apenas isso, também evocações da época de toda uma geração que vivenciou no tempo e no espaço as aventuras deste enredo envolvente.
Alguns personagens coadjuvantes não mais habitam este plano terrestre mas, como entoa o dito popular, “recordar é viver” e agora estão imortalizados nestas páginas. Fui também testemunha de visu de muitos acontecimentos descritos e por isso mesmo devo conter-me para que a emoção não comprometa a imparcialidade deste meu julgamento de leitor privilegiado dos originais, podendo assegurar que também fiz uma viagem no tempo e revi fatos que sequer lembrava e que foram tão bem situados na urdidura da narrativa, coroando a estreia do autor na arte de literatura.
A sabedoria chinesa vaticinou um provérbio onde não teria completude a vida de um homem que não materializasse o plantar uma árvore, gerar um filho e escrever um livro. Elinaldo Leal conseguiu essas três realizações e certamente outros livros virão.
Portanto, cabe agora ao leitor tomar assento em lugar privilegiado e embarcar nessa viagem cheia de emoção e palmilhada de beleza.
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OPINIÃO - 22/11/2024