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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

As duas faces

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publicado em 08/01/2022 ás 08h43
atualizado em 08/01/2022 ás 11h03

Li e gostei muito do texto de Milton Marques, “A Lição de Janus”, (colunista do MaisPB) e resolvi dar uma passada na casa Janus, nesse mês de janeiro, o deus de duas faces. Lá no sertão, a gente costumava dizer que tal pessoa tinha duas caras, mas a conotação era outra –  era o tal do substantivo feminino que nomeia aquilo que não é verdadeiro.

Na mitologia romana, o deus Janus é o Senhor dos inícios, controlador de toda jornada que começa, de todos os planos que se fazem.

Janus também é o responsável pelo fim de um ciclo, encerrando aquela etapa concluída e permitindo a abertura de uma nova possibilidade.

As duas faces representam o seu domínio sobre o Passado e o Futuro.

Sendo o deus protetor de todos os assuntos, é sábio conselheiro para aqueles que sabem consultá-lo. A benção, Janus!

Eu posso fazer algo por algum semideus, Janus?

É sempre devagar e cauteloso o viver, por mais que andemos depressa, além de uma enxurrada de escolhas. Janus não gosta disso.  Limão ou laranja? Pêssego.

As amizades foram feitas pra durar, o tempo exato de serem compartilhadas e podem virar cinzas, mas “não deixe o samba morrer”, que Janus não vai gostar.

Nesse caminho, milhões de afagos e decepções. Eu posso fazer algo por você?

Janus me aponta para a realidade. Eu sou um homem que transborda.

E o desentendimento verbal dos semideuses?  Ambos, nenhum ou nada. Já estudei Zeus, mas prefiro Hera.

Devagar e com cautela, já estou velho.

O deslumbramento das Palavras, as de Sartre, de Michel Foucault,  seja lá de quem for, de qualquer autor ou veículo anacrônico, elas  se alojam na memória.

O que fazer com tantos minutos? Ou com tantas horas desperdiçadas? Perguntem a Janus.

O bem da vida se confirma na persistência. Sonho meu.

Do alto, desse templo fosso, dessa fossa fácil, do futuro físsil do português dos brasis, um bicho muito obscuro vai grunhir numa evidência total. Quero estar na janela.

Um minuto de alegria pelas vidas extrovertidas. Um minuto de alegria é muito, muito pouco.

Passei a vida inteira ajudando as pessoas. Janus viu. Fiz bem, sou bom nisso.

Kapertadas

1 – Fui deixar a vida me levar e ela disse: “Acelera K! Acelera!”

2 – Tem noção que agora são duas epidemias?

3 – Som na caixa: “É o mistério profundo, é o queira ou não queira”, Jobim

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB