João Pessoa, 08 de fevereiro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
25 anos, negro. Tinha ido receber as diárias não pagas, e foi espancado até a morte.
O que você sente ao ver os agressores dando socos, chutes e até golpes com pedaços de pau no estrangeiro congolês? Tristeza? Indignação? Repúdio? Raiva? Revolta?
O Brasil é isso. Selvagem. Não tem saída. A violência é permanente.
Em artigo publicado na Folha de São Paulo, o professor Muniz Sodré, disse que “o assassinato do jovem congolês na beira mar não é um acontecimento singular, mas sintoma de uma catástrofe cívica em curso”
Quem são os culpados pela morte de Moïse Kabamgabe? Culpados porque nos acostumamos à barbárie e somos um país propenso a isso. Culpados porque não denunciamos quem mata ou manda matar – com medo de morrermos também.
Culpados porque não condenamos quem joga uma piola de cigarro pela janela do carro, quem maltrata idosos, quem abusa de crianças, quem mata as mulheres, os estupradores e quem rouba nosso país. As condutas que o digam.
Culpados pelos altos salários, gente que é funcionário bem pago pelo nosso dinheiro e não pisa no trabalho.
Culpados porque nos indignamos e nos comovemos nas redes sociais e não passa disso. Os assassinos de Moïse Kabamgabe serão punidos? Certamente, já que são pobres e pobres sempre são condenados.
Culpados porque assistimos as pessoas serem enganadas, jogadores de futebol que participam de estupro seguido de morte, empresários esfolando funcionários e políticos apontados como criminosos.
O cenário é turvo.
Culpados por humilharmos os entregadores de deliveries, culpados pelo alto preço da carne, da gasolina, do gás e do pão.
O terror está aqui embaixo.
Culpados porque queremos sempre mais e mais e mais.
Culpados pela nossa estupidez
Culpados pela hipocrisia.
O quiosque onde mataram Moïse Kabamgabe vai ser um memorial?
Até agora, infelizmente, a soma de negros mortos é gigantesca e a curto prazo teremos muito mais.
O que vemos aí são os últimos dias da humanidade, levada aos limites da representação do mal absoluto.
Kapetadas
1 – Estupidez é como protetor solar: é mais eficiente quando se espalha.
2 – Abaixo da linha da pobreza, só o círculo da desdita.
3 – Hoje não tem som na caixa
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OPINIÃO - 22/11/2024