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Porque o marketing de hoje está esfolando o consumidor com anúncios desnecessários.
Você se sente invadido com tantos anúncios pipocando em sua tela? Não entende por que oferecem produtos que jamais compraria? Saiba porque o marketing nos dias de hoje está esfolando o consumidor em vez de criar valor.
Segundo Philip Kotler, o marketing é a arte de criar e entregar valor para satisfazer as necessidades e os desejos do consumidor. Essa estratégia empresarial de otimização de lucros por meio da adequação da produção e oferta de mercadorias ou serviços às necessidades e preferências dos consumidores, utiliza de pesquisas de mercado, design, campanhas publicitárias, atendimentos pós-venda etc., justamente para entender quem é seu público.
Porém, o que vem acontecendo com frequência é que a promessa da tecnologia em resolver todos os problemas da atualidade não se concretiza. E um arsenal de ferramentas e novas estratégias para captar clientes e vender mais vem incomodando mais do que atentando o consumidor.
E aí, em vez da gente elevar a régua do mercado e ter cada vez mais produtos e serviços que atendam as necessidades dos clientes, estamos pegando carona no marketing de emboscada, sim, aquele que pressiona o consumidor ao impulso da compra.
A ideia parece que não é mais vender e sim induzir o publico de que a promessa será o bastante, e nem sempre isso acontece. Ou vai me dizer que nunca comprou um produto online que, ao chegar em casa, não era o esperado ou mesmo nem se parecia à foto do anunciado?
Sabemos que para isso há leis, punições e mesmo aquela máxima da boca a boca, “não compre do fulano o produto é péssimo!” Mas, e o desgaste desse cliente não conta? A frustação não vale? Será que as empresas estão realmente fazendo pesquisas para identificar o que desejamos?
Em tempos de economia da atenção, outro fator para o marketing ruim é o aumento de anúncios direcionados a crianças. Sim, em gerações mais novas a parte do cérebro que controla o impulso não está totalmente formada, e isso tem gerado resultados desastrosos.
Não é difícil se deparar com noticias de crianças menores de 6 anos que fizeram compras online de 3 mil reais em hambúrguer. Isso acontece porque estamos sendo inoculados por marketing ruim.
E o pior é que o mercado sabe disso! Mesmo ciente de que publicidade infantil é proibida em muitos países, grandes empresas tem suas campanhas de marketing direcionadas para as crianças, a fim de gerar um estímulo cada vez maior ao consumismo infantil.
As crianças brasileiras influenciam 80% das decisões de compra de uma família segundo uma pesquisa da TNS/InterScience, outubro de 2003. Carros, roupas, alimentos, eletrodomésticos, quase tudo dentro de casa tem por trás o palpite de uma criança, salvo decisões relacionadas a planos de seguro, combustível e produtos de limpeza, que têm pouca influência dos pequenos.
No Brasil, a publicidade na TV e na internet são as principais ferramentas do mercado para a persuasão do público infantil, que cada vez mais cedo é chamado a participar do universo adulto quando é diretamente exposto às complexidades das relações de consumo sem que esteja efetivamente preparado para isso.
As crianças são um alvo importante, não apenas porque escolhem o que seus pais compram e são tratadas como consumidores mirins, mas também porque, impactadas desde muito jovens, tendem a ser mais fiéis a marcas e ao próprio hábito consumista que lhes é praticamente imposto.
E o que podemos fazer diante desse marketing ruim ou de estimulo ao consumismo? A principal estratégia é o dialogo com os pequenos e estimular o senso crítico nas crianças que, ao crescerem, vão percebendo o que é adequado ou não à sua idade, às possibilidades financeiras da família, e ainda estimulando um mundo onde a sustentabilidade começa pela relação que temos com o que consumimos.
O marketing bacana e atual é aquele que participa, conversa, interage e aproveita oportunidade, tendo o foco nos desejos e necessidades do cliente, não no empura guela abaixo.
Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia no Belicosa.com.br
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OPINIÃO - 22/11/2024