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Magistrado, colaborador do Diário de Pernambuco, leitor semiótico, vivendo num mundo de discos, livros e livre pensar. E-mail: [email protected]

De Cajazeiras a Gravatá

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publicado em 24/02/2022 ás 07h20

Esse assunto não é pacífico, entretanto não é de todo polêmico. Há quem goste muito e quem simplesmente ignora; para alguns tanto faz como tanto fez, ou seja, é maria vai com as outras e há os que definitivamente não gostam de viajar. Confesso que pertenço ao grupo do tanto faz. Compreendo que é muito importante conhecer outros povos, nações, cultura, etc, mas, mesmo assim, toda vez que viajo sito mais prazer em retornar para casa. A passagem de volta me faz mais feliz. Nada supera o aconchego do lar, a família, seu torrão e – no meu caso – os livros e discos!

Voos com muitas escalas, filas intermináveis para embarcar, desembarcar, esperar bagagem. E quando esta é desviada, quanto transtorno! Voos cancelados ou transferidos, overbooking, que nada mais é do que a irresponsabilidade da companhia aérea em vender ou reservar mais lugares do que a capacidade que comporta uma aeronave. Já passei por tudo isso e é extremamente desagradável. Hoje, quando é possível, procuro sempre voos sem escalas e viagens de automóvel (este utilizado para percursos de pouca distância).

E foi justamente numa dessas viagens de curta distância e pouca duração, enfrentada com minha família acomodada dentro do meu automóvel, que vivi um fato inusitado e embora tenha me causado um pequeníssimo prejuízo financeiro, ao fim e ao cabo, nos proporcionou boas risadas. Tudo tem a ver com aquela máxima do Lobato onde vaticina que “quem mal lê, mal ouve, mal fala e mal vê”.

Como costumeiramente faço, reuni a esposa e metade dos seis filhos (que meu carro comporta) e rumei para o vizinho estado de Pernambuco, precisamente para as serras de Gravatá (foto) , clima aprazível e lindas paisagens. Bagagens descarregadas, todos acomodados no aconchegante chalé com vista privilegiada, decidimos bebemorar com um vinho, bebida compatível com o clima da região.

Enquanto eu bebia, as crianças quiseram comer uma pizza. A esposa, como sempre diligente, foi ao Google e fez a busca pela pizzaria com delivery. O primeiro nome por ela visualizado foi  Gravatá Grill. Tudo resolvido. Feito o pedido e acertado o preço, era só aguardar. Mas a demora na entrega nos tirou a paciência. Enviamos mensagens pelo whatsapp reforçando o endereço e ponto de referência. A atendente insistia em dizer que desconhecia o lugar; que o entregador era nativo da cidade e conhecia todos os bairros, menos aquele tal de Alpes Suíço.

Intrigado e macambúzio, desconfiei da demora. Esse bairro é bastante conhecido em Gravatá, como o entregador não o conhecia?

Perguntei à minha esposa qual o endereço da pizzaria, já disposto a ir buscar a encomenda, quando para nossa surpresa ela disse: Gravatá Grill fica na cidade de Cajazeiras, lá na nossa Paraíba. Ela não tinha lido o endereço e se limitou a fazer o pedido pelo Instagram. Resultado: para que a vendedora não ficasse no prejuízo, decidi pagar a pizza e mandei que dela fizessem bom uso e tivessem um bom apetite.

É isso mesmo, Lobato estava prenhe de razão!

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