João Pessoa, 27 de fevereiro de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O Gran Circo Vladimirovich volta a funcionar com toda pompa e maestria. Eles acabam de anunciar sua tempestiva força com caminhões e outros apetrechos pelas fronteiras da vigorante Rússia até a cidade de Kiev, na Ucrânia.
O circo russo é um espetáculo criado por ocupantes noviços da velha escola de palhaços e dança da antiga Leningrado, tomada por ex-oficiais da KGB e operários, que promete desalegrar os dias de toda a família da ex-URSS, quiçá, do mundo por um bom espaço de tempo.
O espetáculo conta com personagens de nomes famosos, como o trapezista do tanque moscovita, o equilibrista de bombas sovietes, o domador de mísseis bolcheviques, o malabarista de coquetel molotov, o bailarino das granadas czaristas, o engolidor de fuzil chernobyl, o soldado de chumbo morto na Criméia, entre outros. A entrada não é livre para todos os públicos; a entrada é imposta, outorgada, massacrante.
Nesse circo russo dos horrores, o público não fica parado assistindo a algo no picadeiro, não; o palco é a própria cidade, o prazer do proprietário, Senhor Putin, é ver um espetáculo real, onde pessoas perdem suas casas, famílias entram em seus carros para fugir do massacre, trens se abarrotam em retirada, estradas lotam de futuros refugiados ou futuros cadáveres do horror que se anunciava ao som de suas arcaicas trombetas.
Líderes de outros países condenam esse bombardeio de atrações horrendas. Por que um circo e seus palhaços fazem criança chorar? Por onde desabrigaram seus sorrisos? Que circo é esse que a maquiagem nos rostos pálidos é composta de sangue? Há cidadãos enjaulados em províncias à espera de vorazes leões, todos soltos, sedentos e famintos. Por onde andam os cristãos? Ainda fazendo pose de arminhas no Instagram ou correndo arrependidos para o front? Um show de luzes e fogos de explosivos da morte, substituem os fogos inocentes de artifício.
Derramam lágrimas, as mães, às margens dos rios prestes a degelar. São abandonados todos animais de estimação nos gélidos asfaltos e conforme chega o pelotão, vão sendo sacrificados um a um. No horror da Guerra, a fome, o medo e a peste são amigas do terror, nada é bonito. Não há mais beleza no viver após a passagem do circo da Guerra. A maldita Guerra ultrapassa qualquer dor das catástrofes mundiais naturais, pois é provocada por irmãos que ferem a diplomacia, dilaceram a fraternidade, exultam a carnificina, glorificam as armas, dignificam o poder. Que triste início de ano, meus amigos.
Não era essa dor que esperávamos do aviso da lua de sangue de maio do ano passado, reabrindo o debate nas redes sobre as atrocidades dos espetáculos circenses russos. Que cerrem, de uma vez por todas, esses espetáculos do mal para que se vislumbre a venerada Paz mundial!
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TURISMO - 19/12/2024