João Pessoa, 26 de março de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Não me compadeço dos supostos incautos que são vítimas dos vigaristas. É que na quase totalidade são pessoas que perseguem uma vantagem no mínimo duvidosa. Ultimamente os golpes voltaram com força. Há o caso de um suposto pastor que prometia remunerações fantásticas aos que investissem em seus negócios. Como assim? Negócio de pastor é fé. E desde quando a fé rende juros e correção? O tal pastor prometia devolver três bilhões (isso mesmo) a quem investisse mil reais. Como alguém pode acreditar nisso?
E o que dizer da venda de um lugar no céu? A justiça paulista acaba de condenar a igreja Universal a devolver 200 mil reais, mais juros e correção, a uma fiel que desde 1999 investia na salvação de sua alma e finalmente descobriu o logro.
Já contei em outro escrito a história do empresário que vendeu varias vezes a torre Eiffel e não vou cansar vocês requentando o episódio. Porém recentemente chegou ao meu conhecimento um golpe que usa uma cidade chamada Akakor. Realmente existe. Não a cidade; o golpe, bem entendido. Se vocês assistiram ao filme “Indiana Jones e o reino da caveira” com certeza tiveram um ligeiro trailer do que vou narrar. No filme a cidade chamava-se Akator, mas é a mesma picaretagem da Akakor original que inspirou os roteiristas. Tudo começou em 1968 quando um alemão muito do safado chamado Gunther Hauck chegou ao Brasil depois de inventar uma história maluca baseada nos mitos do Eldorado e do Paititi. Ao desembarcar aqui o gringo assumiu o nome de “Tatunca Nara” e haja enganar os crédulos. A patifaria que ele criou trata dos Mongulala, uma tribo perdida no meio da Amazônia onde ele dizia ter nascido. Seus antepassados teriam fundado a tal civilização 13 mil anos A.C. e eram extraterrestres. O safado misturou os tais extraterrestres, discos voadores, pirâmides e até uma extensa rede de tuneis por onde circulavam os nativos e cujo acesso só ele sabia encontrar. Muita gente embarcou na história, inclusive gerando uma série documental de filmes que é exibida num desses canais de aventuras. Para aumentar a pilantragem o destino deu uma mãozinha; o jornalista alemão Karl Brugger, iludido pelas mentiras de Tacunca Nara escreveu o livro “A crônica de Akakor” que teve direito a prefácio de Erich Von Danikem (aquele mesmo dos Deuses astronautas). Só que esse jornalista foi assassinado logo depois num bar (o Barril 1.800) no Rio de Janeiro por trombadinhas. Daí aumentou enormemente a aura de mistério e conspiração envolvendo aquela bandalheira. O resultado é que até hoje ainda se gasta muita grana na busca de Akakor.
Com isso quero demonstrar que bestas existem em todos os níveis intelectuais e financeiros. A mágica acontece quando esses bestas encontram um sabido.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 22/11/2024