João Pessoa, 26 de março de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Simone cantando Cátia de França, “Estilhaços de Amor”, em novo disco Da Gente, é um colosso. Parece alguém tocando nos sentimentos do outro, exprimindo na voz, uma canção tão bonita que Cátia gravou em 1980. Lembrando que a canção “Estilhaços” é de Cátia de França com letra de Flávio Nascimento.
Precisamente com toda voz, (e que voz) Simone conversou comigo na última quinta-feira para o MaisPB, (aguardem), numa felicidade tamanha. Ela mergulha e passeia em belas canções nesse novo disco. Cada faixa um recado.
O som da artista paraibana, que tem obras e sacadas nesses anos todos em que se dedica à sua arte enquanto cantora potencial e negra, Cátia de França, é fatal. Ou seja, a transformação de sons já construídos por Cátia, agora na voz de Simone.
“Porque a vida é
Tua mesa de comida é
Sem toalhas comportadas”
Claro que a versão de Cátia traz um movimento, estilhaço na voz, rasgada, um grito de amor, mas como é bom ouvir Cátia de França sendo cantada por Simone.
“De um pedaço de chão um leito leve de amor
Porta, coração, aberto tens a cada hora
Uma aurora sempre perto”
Encontrar o amor num pedaço chão, da vez ou à primeira vista e saber da resistência desses estilhaços, no rasgo da manhã, não é nada fácil.
O canto de Cátia é feroz, comparecendo sempre e nos oferece esses “estilhaços de amor”, um clássico, 42 anos depois e outros sons sem jogar palavras ao vento.
Nesse momento em que nossa memória está cheia de confusões, guerras e mortes, a convivência com streaming, as plataformas onde escutamos músicas no computador, no celular – novos singles sendo lançados, chega o disco de Simone Da Gente – essa novidade, precisamente, pela transposição das composições, quase todas de artistas nordestinos, como lembrou o jornalista Sílvio Osias. em sua coluna no Jornal da Paraíba. “Da Gente é quase todo dedicado a autores nordestinos. Muitos deles, revelados nos últimos anos. Mas também há gente que está na estrada há muito tempo. É o caso, por exemplo, da paraibana Cátia de França. Dela, Simone gravou – e gravou muito bem! – Estilhaços. Composta por Cátia em parceria com Flávio Nascimento, a música está no segundo LP da compositora (Estilhaços), de 1980”.
“A tua sede é calma, calma de alma verde
A tua fome é fonte de onde nasce o homem
Espalhas estilhaços de amor”
Simone cantando Cátia não é uma “baita” homenagem! É a arte que fala mais alto, por meio de sucessivos encontros ou desencontros, como está no poema de Vinicius de Moraes, que a vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida…
Lindo Simone cantando os estilhaços de Cátia, tocando em todo canto. Ambas fazem num tom, cada uma com seu grito. Simone chega para reforçar a poesia de Flávio Nascimento, sugerida pelo pernambucano, Juliano Holanda, elevando a arte de Cátia de França.
É isso, esse êxito, êxtase – Simone e Cátia nessa velha canção que tanto já tocou no rádio e vai tocar mais, porque mexe com a cabeça da gente. Salve elas!
Kapetadas
1 – A gente não deveria ter receio de transmitir uma notícia boa sobre nós.
2 – Como você responde um obrigado (a)? Eu: que isso, você merece!
3 – A última faixa do disco de Simone “Naturalmente”, é de outra paraibana, Socorro Lira. “Essa canção é um hino”, disse Simone
4 – Som na caixa – Às vezes a vida é uma estrada sem acostamento/Tem dias que o sol estilhaça as vidraças da sala/Eu tenho tentado escutar as palavras que você não fala/O cabide de roupas do quarto parece um espantalho”, primeira faixa do disco de Simone, do pernambucano Juliano Holanda.
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OPINIÃO - 22/11/2024