João Pessoa, 05 de abril de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A crise deflagrada nos canteiros do jardim girassol está oficializada. Com direito a publicação no diário do município e tudo. A demissão sumária do secretário de Articulação, Ronaldo Barbosa, também presidente municipal do PSB, após ignorar o “Volta Agra”, expôs as vísceras dessa briga intestina.
De certo modo, Agra tem sua razão. A fala de Barbosa soou como provocação ou insubordinação, apesar de o cargo que ocupa na direção do partido lhe oferecer status para defender o que o PSB decidiu – democrática ou impositivamente – e até mereceu endosso público do prefeito em seguidas solenidades.
O ato da demissão imprimiu um caráter de independência e autonomia ao prefeito, atributos que lhe faltaram noutras emblemáticas oportunidades. A exoneração do presidente do PSB tem o viés, daqui pra frente, de cartão postal pedagógico. Todo mundo vai pensar duas vezes antes de tirar “onda” com Luciano.
O momento é que não foi dos melhores. Nessa fase, a institucionalização da crise só interessa aos adversários de Agra, que querem ver o circo pegar fogo, inclusive com o prefeito dentro. Se a oposição já sinalizava vantagem no embate contra um grupo coeso, agora, com o jardim despetalado, certamente comemora e se prepara para transformar restos de girassol em adubo.
Simbologia –
A opinião pública, perspicaz como o é, traduz ao seu modo e de maneira negativa o conflito cada vez mais renhido na base do PSB da Capital. A desagregação reflete mal.
Se… –
Há quem pense: se Agra tivesse tomado medidas mais duras e autônomas no recente passado, teria apagado no presente a combustão que queimou sua reeleição no futuro.
Demissão: entre rosas e espinhos –
Observação do presidente do PSB, Edvaldo Rosas, sobre a demissão de Barbosa da Prefeitura. “Acho que não se pode misturar o público com o privado. A Prefeitura não manda no partido e nem o partido manda na Prefeitura. O partido tem vida própria e decisões que têm que ser avaliadas e respeitadas”.
Desarme dos espíritos –
E emendou com escancarada ironia. “Nós passamos a vida inteira lutando contra imposições. O caminho não é esse. O que tem que ser feito é se tirar a faca da cintura. O caminho de trocar tiros é ruim”, filosofou sertanejamente.
Nem tudo que parece é… –
Recebo ligação de vistosa pétala girassol. Do outro lado da linha, a convicção que a labareda no jardim não é fogo de monturo. Questiono de imediato: “Mas Agra não tem o partido”. A resposta profética: “Aguarde e você verá”.
Investigação –
Ala petista ligada ao deputado Luiz Couto tem em mãos dossiê segundo o qual se provaria fogo amigo no processo que levou o grupo a perder o encontro interno do PT.
Rastreado –
O dossiê inclui, segundo fontes da Coluna, o secretário Lucius Fabianni, que teria trabalhado paralelamente cabalando votos de aliados para a tese da candidatura própria.
Na surdina –
O resultado das “investigações” encomendadas por certos detetives do PT também apontaria pistas de “traição” protagonizadas por figura de proa e de DNA PSB.
Feitiço e feiticeiro –
Principal “responsável” pela via crucis jurídica enfrentada por Cássio, José Maranhão vai provar do mesmo veneno e sentir o peso de sustentar uma candidatura sub-judice.
Aquecimento –
Apesar de manter o silêncio desde a decisão avassaladora do TRE reprovando as contas de Maranhão, o deputado Manoel Júnior se aquece no banco de reservas do PMDB.
Descarte –
“Não muda nada. Vamos utilizar os meios cabíveis”. Do presidente do PMDB, Antônio Souza, garantindo que o partido não faz nenhum plano de recorrer ao nome de Manoel.
Regozijo –
Deu pra sentir. Ciceristas comemoraram, cada um ao seu modo, a má sorte de Maranhão no TRE. A tucana Eliza Virgínia já falou ontem no PMDB na vice do senador Cícero.
Fortuna –
Giram em torno de R$ 100 milhões as propostas de aquisição de 25% do terreno do Aeroclube apresentadas por três grupos empresariais à direção do aeródromo.
Mista –
São propostas distintas: duas ofertas se dividem parte em dinheiro (R$ 30 mi) e o resto em permuta. O Aeroclube negocia 75 mil dos 300 mil metros quadrados de sua área.
Consignado –
A secretária Livânia Farias informou à Coluna que o Governo permitiu livre crédito às diversas instituições financeiras e não só a MCF Promotora, denunciada pela Época.
PINGO QUENTE –
“Foi um ato administrativo corriqueiro”. Do vice-presidente do PSB de João Pessoa, Rubens Freire, sobre a demissão de Ronaldo Barbosa, querendo tapar o sol com um girassol.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba
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