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Graduado em Jornalismo, Yago Fernandes é um “pitaqueiro” sobre a vida, relações humanas e um apaixonado pela comunicação. É mestre de cerimônias e tem experiência com palestras e oficinas de Oratória. Atualmente, também é assessor de comunicação.

Está cada vez mais difícil ser jornalista num país onde a boçalidade virou doença epidêmica

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publicado em 07/04/2022 ás 09h27

O título da conversa de hoje, leitor, leitora, pode lhe parecer chato, desagradável… embora necessário. Muito mais que cumprimentos aos profissionais jornalistas, este 7 de abril simboliza uma data cuja proposta garanta direitos e espaços.

Nunca se viu, em tempos de “civilização”, um cenário abstruso quando falamos de liberdade de Imprensa. Jornalistas cerceados, tolhidos e agredidos simplesmente por relatarem fatos, a verdade. Engana-se quem acredita que essa conjuntura só existiu nos tempos do regime militar; tal realidade se apresenta de maneira ainda mais nua e crua. 

Os números não mentem. No ano passado, de acordo com a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), o Brasil registrou uma média de quase três ataques por semana a jornalistas. As hostilidades são oriundas de todos os lados… e quando os insultos passam a ser expelidos pelo mandatário maior do país? Aí a coisa só piora. 

No início deste ano, a Federação Nacional dos Jornalistas, a FENAJ, apontou Bolsonaro como principal agressor a trabalhadores da área. 

Não é de hoje que poderosos desprezam a liberdade de Imprensa, pois sabem que, graças a ela, histórias são contadas, fatos vêm à tona e a Democracia continua a existir. Usemos, como exemplo, os escândalos recentes do Ministério da Educação (no caso dos pastores envolvidos com supostas propinas) e o sobrepreço – também da mesma pasta – na licitação de ônibus escolares; duas narrativas reveladas por meio de jornais conhecidos, sérios e competentes. 

Cobrar medidas eficazes (e para já!), resguardando a integridade moral e física do jornalista, deve ser uma política pública adotada por… Esperem, mas onde estão os protetores da classe? Ao fazer essa pergunta, lembro de impropérios sofridos por mim vindos de um sujeito num grupo de WhatsApp. Não concordando com meus compartilhamentos, a pessoa – sem argumentos – vomitava sempre palavrões e xingamentos… O pior: ele se diz “jornalista”, embora não tenha formação e comanda uma entidade representativa da categoria. 

Sindicatos mal funcionam, não há lideranças políticas que ergam a voz em defesa dos jornalistas e universidades não estimulam o debate. Resultado: permanecemos no atoleiro da labuta diária. 

A sensação é que estamos sem saída, sem chances de sermos representados – e me coloco nesse meio, claro, afinal estou no mercado há quatro anos e posso ver como o “samba do crioulo doido” toca nos morros. 

Ainda que adversidades existam, nem tudo está perdido. Só quem vive na pele os desafios de ser jornalista sabe que inobstante barreiras e tudo isso listado por mim acima, reina o sentimento de que somos fontes d’água a quem tem sede; a fonte são os jornalistas, Imprensa no geral, os sedentos são as pessoas de bem, leitores, telespectadores e assim por diante. 

No mais, roguemos ao poder do bem que nos ajude, que nos auxilie nessa jornada, no dia a dia do levar notícia ao mundo, a você que está lendo esse artigo. Bom tê-lo aqui, volte sempre… e certo esteja de que a informação é e será a melhor de todas as armas. 

Quem está informado/a atravessa a esquina da vida com mais alívio e possibilidades. Todos podemos. 

Gente que inspira

Solicitei a um amigo designer que produzisse uma peça (banner digital) para minhas redes sociais, no intuito de homenagear alguns principais nomes do jornalismo, na minha opinião. A lista reúne: Márcio Rangel, Maurílio Júnior, Sandra Paula, Toni Moraes, Luiz Carlos Prates, Maria José Braga, Kubitscheck Pinheiro e Socorro Palitó. Gente que inspira e me inspirou a seguir adiante.

Nem pensar 

Sei e vejo jovens pensando sobre suas aposentarias. Já? Nunca imaginei isso, até porque acredito que quem pendura logo suas chuteiras morre mais cedo, exceto casos de doença. O trabalho nos anestesia da finitude da vida, possibilita status, nos realiza (não digo só financeiramente). Sou feliz (e penso que vocacionado) ao jornalismo. Quero morrer trabalhando, ainda que eu tenha feito votos de pobreza. 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB