João Pessoa, 08 de abril de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Hoje, eu escrevo sobre o nada, mas o nada, todos sabem, é coisa da imaginação. O nada está dentro das nossas cabeças, encastelado como condição de compreensão do mundo. Sem ele, o que existe deixaria de existir nos quadrantes das possibilidades cognitivas da realidade.
É dizer: o nada é apenas um referencial de distinção porque é a partir dele que qualquer unidade de existência pode ser percebida na psique humana. De fato, a própria contagem não poderia ser iniciada se não fosse pressuposta a possibilidade de algo, que sendo algo, não poderia ser nada.
Ninguém nunca viu, nunca pegou, nem cheirou, nem ouviu, nem saboreou o nada, daí que, pela economia da energia cerebral, somos levados a acreditar que o nada não exista. Isso não é prova da inexistência do nada, afinal, no multiverso em que vivemos, existem mais coisas não sentidas do que as já experimentas.
Alguém poderia dizer que por muito tempo o homo sapiens viveu e contou sem o zero, já que esse numeral só foi inventado no século V D.C. De jeito algum.
Quem disse que o zero e o nada são a mesma coisa? O zero é um símbolo para representar a inexistência, o vazio; não é a inexistência em si. Ontologicamente, a existência só é se for oposta ao não-ser. Pois é, o nada é esse algo que não é, o verso do que se afirma como anverso. Um paradoxo. É aí onde a racionalidade humana começa. Cruel.
O nada não existe exatamente porque não há espaço vazio. O nada é uma invenção da razão, uma redução de complexidade para que a própria razão possa se desenvolver no âmbito da pragmática da vida, onde os sentidos possam cumprir suas funcionalidades no esquema geral das individualidades biológicas.
Caramba, que conversa fiada! Eu só queria arrumar um tema para cumprir a pauta da sexta-feira, mas pelo que vejo não escrevi foi nada. Agora quero saber é como Kubitschek Pinheiro, o editor, irá arrumar uma imagem representativa do nada. Pintá-lo, talvez. Topa, caro K?
@professorchicoleite
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OPINIÃO - 22/11/2024