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MaisPB Entrevista

Simone lança novo disco cantando compositores do Nordeste

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publicado em 09/04/2022 ás 11h44
atualizado em 09/04/2022 ás 18h01

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

Fotos – Nana Moraes

A cantora baiana Simone, lançou – em todas as plataformas digitais – o álbum “Da Gente”, primeiro disco da artista em 9 anos, desde quando gravou ” É Melhor Ser” de 2013. .Lá atrás, na pandemia, numa live no seu Instagram, Simone contou que a espera foi proposital. Ela queria este tempo e fez da forma como acreditou, para lançar este trabalho na hora certa: aos 72 anos e prestes a completar 50 anos de carreira, a artista é uma das maiores cantoras e intérpretes da MPB. Este é o seu 42º álbum.

A sacada de fazer um disco apenas com canções de autores nordestinos deu certo e “Da Gente” já está na boca do povo. Tinha até outro título: “Por Ser de Lá”, verso de “Lamento Sertanejo”, de Gilberto Gil e Dominguinhos. O plano ficou em suspenso em meio à agenda de shows, mas em 2021, Zélia Duncan disse à amiga que ela precisava conhecer uma pessoa: Juliano Holanda, compositor, diretor e produtor pernambucano, que vem se destacando na cena contemporânea da música brasileira.

O novo trabalho tem direção artística da amiga – e também cantora e compositora – Zélia Duncan, e apresenta 12 faixas de compositores diversos, a maioria deles nordestinos, como Simone. A direção musical é do pernambucano Juliano Holanda, que assina duas faixas do álbum: Essa última, ao lado de Zélia, (Duncan) que – em 2006 – dividiu com Simone o espetáculo show que virou disco ao vivo, em 2008.

Simone também é compositora de uma das faixas do álbum, em parceria com o poeta português Tiago Torres da Silva. Outros destaques do disco são a regravação de “Dezembros”, clássico de Fagner, Fausto Nilo e Zeca Baleiro; a presença da cantora e compositora paraibana Cátia França com o clássico “Estilhaços” gravada por |Cátia em 1982) e ainda temos a compositora paraibana, Socorro Lira e a compositora baiana, criada em Recife., Karina Buhr.

O disco traz a alma da eterna Cigarra, Simone!

“Da Gente” Simone foi acompanhada por Juliano Holanda (baixo e violão de aço), Webster Santos (violões) e Rapha B (bateria, udu, clave e ganzá). O entrosamento da artista com os músicos foi fundamental para o andamento dos trabalhos – o período de permanência no estúdio da Biscoito Fino foi de apenas 10 dias, em agosto de 2021. Vamos ouvir “Da Gente”, enquanto a turnê não chega em João Pessoa.

A artista conversou com o MaisPB pelo telefone, falou da gestação desse novo disco, das alegrias renovadas, da morte da sua irmã vítima da Covid 19, das lives passadas e dá vontade de cair logo na estrada para encontrar sua gente, seus fãs e cantar “Da Gente”.

MaisPB – Como aconteceu a gestação do álbum Da Gente?

Simone – A gestação do projeto data de 2015 até 2021. A ideia mesmo foi no final de 2014, depois a gente deu um pulo até 2021, quando já estava se organizando. Conversei com Zélia (Duncan) que sugeriu o Juliano Holanda, que sugeriu o Rapha B (baterista) Webster Santos já estava com a gente. Isso aconteceu em janeiro do ano passado. O áudio do disco, as gravações ficaram prontas em dez dias. No décimo nós já estávamos ouvindo tudo com voz e instrumentos

MaisPB – A canção “Haja Terapia” é bem politizada?

Simone – Foi uma das primeiras a chegar, junto de “Estilhaços” Foi Holanda quem trouxe as duas canções. Veja bem, vamos focar em 2021. Em janeiro nos encontramos, eu Zélia (Duncan), que me mostrou no celular dela a canção “Haja Terapia”, bateu aqui em mim, foi uma loucura, chorei, é uma música que te envolve de uma maneira inteira, mexe com nossas reflexões, indignação – toda essa vontade de mudança, das dores está nessa canção. Existe sim uma indignação com todos nós. Essa música veio inteira. Em seguida ouvimos “Estilhaços de amor”, que eu amei.

MaisPB – Ah! Então já podemos falar um pouco dessa canção da paraibana Cátia de França?

Simone – Podemos. Essa mulher é incrível, quero conhecê-la. Eu gostei muito, foi o Juliano Holanda quem me apresentou. A música mexe com a gente.

MaisPB -Vamos lembrar das lives?

Simone – Menino foi uma loucura, eu pedia aos músicos pelo telefone, os áudios pelo zap, já que contatos a gente não teve. Agora que as coisas estão melhorando, eu quero muito rever meu público, cantar nos palcos e esse caminho das lives nos trouxe aqui para a retomada de shows. Eu tive contato com alguém, o Juliano, veio aqui em casa, ficou três dias comigo e Rappa E.

MaisPB – Aliás, eu sempre acho que quando a artista canta uma canção, ela passa a ser dela, mesmo com os créditos no encarte. Concorda?

Simone – Dono da canção é quem canta. Botou o filho na rua, ele não tem mais pais, ele tem vida própria, mas a música é assim, se joga na rua. É muito isso. Estou muito feliz com esse disco.

MaisPB – E a canção “Dezembros”, como chegou até você?

Simone – Fagner e Zeca Baleiro gravaram essa canção em 2003 – no disco que se chama “Dezembros”. Eu gosto muito dessa música e já gostava e sugeri que ela fizesse parte do trabalho e se encaixou muito bem.

MaisPB – A canção “Você Distante” é uma riqueza, mexe com a gente…

Simone – É uma canção linda de Isabela Moraes e ela canta muito bem. Ela gravou lindamente. Essa moça é pernambucana.

MaisPB – Você está cantando o Nordeste todinho desta vez…

Simone – Ele é todo do Nordeste. Quem não é a Zélia Duncan e Thiago Torres, mas que eles tiveram a nossa percepção. Eu sou nordestina. O disco é um canto do Nordeste, total.

MaisPB – E PC Silva?

Simone – Ele é um amor de pessoa, também de Pernambuco

MaisPB – De Karina Buhr,você está cantando “Amor Brando”, que fala assim “eu sinto um calor de amor…”, é demais, né?

Simone – Que coisa boa, né? A Karina é baiana e morou um tempo no Recife. Menina inteligente, performática, tudo a ver

MaisPB – E a canção Estilhaços de Cátia de França e Flávio Nascimento? Conte mais ai pra gente?

Simone – Eu adorei ter cantando tudo. A Cátia de França, como bem disse o Juliano (Holanda) a gente está fazendo uma reparação histórica. Ela é uma grande artista, e eu gostei muito de cantar “Estilhaços de amor” e está de parabéns também, o Flávio Nascimento.

MaisPB – Você acredita que as coisas vão melhorar?

Simone – Eu quero e espero, eu sempre gosto de pensar positivo, porque fica mais fácil de encarar. O mundo passa uma barra gigantesca e nós passamos essa barra, não só foi a pandemia: teve as enchentes de Petrópolis, da Bahia e de Minas. Esse descaso com a vida do outro, a falta de respeito, de humanidade, recursos entregues erradamente, a punição com a cultura. Tudo isso é muito ruim. Eu hoje quero pensar que dias melhores virão. Já passamos o pior. Não vai acontecer mais nada,

MaisPB – Você tem muitos fãs na Paraíba, viu?

Simone – Claro que tenho e estou doida para ir novamente ai. Amo a Paraíba. Quero ir aí na turnê “Da Gente”, quero cantar para vocês.

MaisPB – Vamos fechar com a outra paraibana, Socorro Lira, que você gravou a canção “Naturalmente”, que, aliás, fecha o disco.

Simone – A Socorro quem me trouxe foi Ana Costa, que é cantora, e gravou um disco com as canções de Socorro Lira. Nós tivemos muitas músicas. Imagina a dificuldade que tivemos para escolher para eleger essas canções. Eu vejo a canção Naturalmente como um hino.

MaisPB – Está tudo bem, vacinada?

Simone – Eu já quero tomar a quarta vacina.

MaisPB – Você disse nas lives e sempre que é totalmente a favor da Ciência. O que diria das pessoas que não tomaram ainda a vacina?

Simone – Eu conheço algumas pessoas que não tomaram vacinas. Isso é ignorância, egoísmo. Eu perdi uma irmã, que eu adorava, que a gente nem pode velar.

MaisPB – Você gravou Chico César, né?

Simone – Sim, “quando não tinha nada eu quis, quando tudo era ausência esperei, quando tive coragem liguei”, canta ela pelo telefone.

MaisPB – E o Basquete, Simone?

Simone – De vez em quando jogo basquete, quando vou a São Paulo e fico na casa de minhas amigas. Lá, a gente joga dentro da piscina. Eu adoro, eu adoro. O basquete nunca saiu da minha vida.

Ouça Haja Terapia 

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