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Ana Karla Lucena  é bacharela em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Servidora Pública no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Mãe. Mulher. Observadora da vida.

Quero ter a fé dos pássaros

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publicado em 11/04/2022 ás 07h00
atualizado em 10/04/2022 ás 17h59

Moro em Campina Grande, cidade linda, acolhedora, de gente bonita que se dedica ao trabalho e ao conhecimento. Clima aconchegante, ótimo lugar pra se viver. Só me ressinto de Campina por uma coisa: a ausência do mar. Para alguém que, como eu, ama o mar, acredite, é um ressentimento gigantesco! Mas,  adoro viver no meu torrão, tão bonita, tão mudada, muito bem organizada, cheia de cartaz, como cantava nosso Jackson.

Enfim… voltemos ao meu ressentimento.

Início da pandemia…Todos olhando a vida pela janela…Bateu a saudade. Saudade de ver o mar, então, fui ao seu encontro. Não pude tocá-lo. O acesso às praias estava proibido. Mas, eu precisava dele. Fui para vê-lo, mesmo que de longe. Necessitava de sua energia. E lá estava ele. Esplêndido, imponente, prendendo minha respiração, aguçando minha curiosidade, me mostrando seu vasto horizonte, seu cheiro, sua voz, sua paz.

Eu estava satisfeita. Reenergizada.

O universo, querendo dar um plus à minha experiência, fez com que eu me deparasse com essa frase. A frase da foto que ilustra este texto. Quem mora em João Pessoa, ali… pela região do bairro do Bessa, deve estar reconhecendo o lugar.

“A fé é como o pássaro que sente a luz do sol quando o alvorecer ainda é noite”.

A maioria dos pássaros tem hábitos diurnos, não cantam durante a noite, mas, ao mínimo estímulo de luz, eles cantam, anunciando um novo dia. E, mesmo nos dias nublados, quando o sol se demora mais na cama, eles cantam. Eles creem, de forma incondicional, que o amanhecer chegou. Não há nenhuma prova disso, nada objetivo que lhes traga segurança, mas eles cantam. Chamam isso de fé. A fé que eles têm no amanhã nos proporciona um dos mais incríveis espetáculos da natureza, o seu canto.

Hoje, dois anos depois…todos os Estados brasileiros autorizaram o fim do uso da máscara. Já podemos sair, ver o mundo e tocar o mar. Não sei se já é o anunciar de um novo amanhã, mas, como o choro durou para mim a noite inteira, resolvi imitar os pássaros. Por isso, hoje, amanheci cantando!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB