João Pessoa, 20 de abril de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Não quero mais, não participo mais desse processo de manipulação em massa. Vivia atordoada, querendo mais e mais, torcendo para ser a mais atualizada do rolê. Mas o que vi? Senti na pele a vida real indo embora, estava curtindo meu baixo-astral cada vez mais baixo e auto-estima, idem. Era prático ir do sofá a cozinha, da cozinha pro banheiro e banheiro pro sofá. Tinha dias que o barato era assistir a tudo da cama mesmo.
Eu comecei a apelidá-las de séries infinitas da Irene(eu). Ficava ansiosa com a musiquinha do intervalo e tresloucada quando anunciavam alguma nova temporada. Eu anotava tudo, tinha até um caderninho de papel, tipo um diário, sabe? Mas, nem tudo são flores, o temor às séries me veio quando chorei copiosamente a morte de um personagem íntegro, lindo, perfeito, um sonho de pessoa. Recarreguei em mim todas as forças desse luto como se fosse real, passei um mês triste sem vontade de sair com minhas amigas do salão onde trabalho, até o dia em que estou no banheiro com a tv ligada e ouço a voz do meu galã novamente… Como assim?
Descobri que uma bruxa moderna fez um feitiço e por conta disso ele voltou das profundezas da eternidade!!! Ah, Aquilo me deu um ódio profundo do autor, diretor, ator e quaisquer partícipes desse crime hediondo. Como é que mexem em em meus sentimentos dessa forma? Como alguém emana amor e ódio em questão de segundos? E minha saúde mental, como fica? E meus hormônios, em franca decadência do climatério? O que querem? Acelerar meu processo de envelhecimento?
Depois desse dia tomei a liberdade de chamar meu primo e fazer ele ligar pra operadora desse canal medonho e mandar tudo “praquele lugar”. Não gasto um centavo a mais com Anna, Anne, Duques, baronesas, el profesor, Mr. White, Sawyer, tyrion, pois sinto cheiro de vômito ao lembrar de qualquer série demorada com fazenda, coroa britânica, orfanato, colégio, universidade, presídio, templos, letras do movimento de discussão de gênero, bruxas malditas, animais encarcerados, anjos, Papas, drogas e afins. Pois bem, avisem aos meus contemporâneos que estou de volta aos palcos, às pistas, às praias e aos motéis! Quero passar o tempo que me resta solta por aí discutindo o mundo real e ao ar livre!
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OPINIÃO - 22/11/2024