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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Barão

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publicado em 22/04/2022 ás 07h00
atualizado em 21/04/2022 ás 16h17

Toda morte há de cair prostrada diante do templo do amor. Chegou há treze anos em nossas vidas, um bebezinho, a quem meus filhos, diante da beleza e imponência vistas, chamaram Barão.

Barão, em mim, fez morada, dono dos olhos mais bonitos do mundo, como essas estrelas que piscam no alto do céu, desde o dia em que as percebemos como parte dos nossos mistérios e das necessidades dos encantamentos.

Mandou e desmandou na nossa casa e, achando pouco, tornou-se a majestade do meu coração. Meu pretinho retinto, com uma estrela branca no peito, levava-me para passear todas as manhãs e tardezinhas, carregando dentro de si a certeza de que era gente igual ao seu dono, ou, pelo contrário, eu, um cachorro como ele.

Um presente para a galhardia das nossas vidas. Presente em minha escrita e em cada linha da minha alma. Éramos dois em um. Seguia-me, com o rabinho balançando dentro dos meus olhos e com sua alegria desmedida.

Todos os dias éramos festa. Agarrávamos um ao outro, principalmente quando eu retornava à minha casa, e a algazarra já começava desde a porta de entrada. Era rápido como um raio, boi bravo correndo em cima da cama e do meu corpo, como se fosse dono de tudo que a plenitude de sua essência pudesse alcançar.

Era peralta. Só me esquecia, quando via alguma cadelinha desfilando suas caras de madames na calçadinha da orla da praia de Manaíra, mas isso era tão breve, que logo ele parava, girava a cabecinha para a esquerda, olhava para trás, levantava a orelha, certificando-se se continuava no mando do mundo, comigo dentro, o seu deleite.

Os seus olhos eram os pedaços do universo mais serenos do mundo, dois torrões de açúcar, e, neles, eu via o infinito do amor, um testemunho da felicidade esplêndida que aquele cachorrinho trouxe para a minha família.

Teimoso, treloso, dengoso, amoroso, amado, jamais esquecido. As palavras são invólucro do nada, nunca mostrarão a plenitude do amor, essa dádiva da existência que vence o tempo e a morte. Barão, em mim e na minha família, você vive!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB