João Pessoa, 29 de abril de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Num show longo, bonito, de duas horas, Marisa Monte levou a plateia do Teatro Pedra do Reino (lotado) ao delírio, ao reafirmar sua arte e a forte conexão com a modernidade e os fãs, hoje, verdadeiros devotos da cantora. Realização Multi Entretenimento e Bambolina.
O novo disco e turnê “Portas”, é, talvez, o álbum mais pop que ela gravou, com canções que indicam o potencial da artista.
Das 32 canções, 11 delas estão em “Portas”, um repertório que confirma a performance de Marisa, desde o primeiro show “Veludo Azul” com temporadas no Rio e em São Paulo, quando a artista já cantava muito bem e ia mudando o figurino em cena. A cena se repetiu.
Um deslumbramento: Marisa usa cinco roupas, seduz e reluz, numa produção arrojada, cenários e luzes. Tudo fantástico.
A potência e a beleza da voz são inegáveis, atributos que têm levado Marisa Monte a todas as Portas. Meticulosidade e perfeccionismo. Sempre assim, desde sempre.
Ela é seu melhor espetáculo: vibrante. Marisa é a aprovação das pessoas que foram o teatro em João Pessoa, e isso estava estampado no rosto delas adentrando “Portas”, música que abre o show e logo vem um engajamento que toma conta do público no reencontro com a artista. Gritos e aplausos.
Outra das novas, “A Língua dos Animais”, é a quinta do setlist e, mesmo com os fãs atentos, novamente ela levanta todo mundo. Divertida, quase uma canção infantil, “A Língua dos Animais” é dessas músicas que ganham força incrível no refrão. Nessa canção aparecem os animais cães, gatos e outros estampados no cenário, em suas linguagens figuradas.
Disse que tinha uma surpresa para o show de João Pessoa e chamou o sanfoneiro Waldonis para tocar “Tenho Sede” de Dominguinhos e Anastácia. Foi demais. “Meu amigo Waldonis, que veio de Fortaleza para cantar comigo”.
Marisa conversou muito, disse que estava com saudade da Paraíba, elogiou o teatro e lembrou que as eleições deste ano são para presidente, governadores, senadores e deputados: “Fiquem atentos, sorte para o Brasil”.
Se as novidades soam assim tão familiares, os hits antigos que encorpam o repertório chegam como catarse pelos aplausos.
Marisa não deixou nenhum de seus álbuns ausente das escolhidas para a turnê. Há, inclusive, uma sacada de lembrança de seu disco de estreia, de 1989, gravado ao vivo “MM”, que contribui com quatro números no show.
Duas versões muito diferentes de canções bem conhecidas, “Comida” ( titânica) e “Bem que Se Quis”, esta, cantada de uma maneira que surpreendeu os fãs.
Sucessos dos Tribalistas estão na composição do show.
Ainda do disco “Portas” três canções extraídas são parcerias com Chico Brown, (que ela chama de meu sobrinho) que figura na banda de Marisa tocando teclados, guitarra e baixo e canta com ela. São elas a já sucesso “Calma” e outras duas pop irretocáveis, “Quanto Tempo” e “Déjà Vu”.
O clima de família segue no palco. Marisa desde sempre teve liberdade de gravar o que quisesse e comandar todos os passos da carreira, então, a escolha de parceiros em “Portas” também deixa claro que ela está cercada de músicos queridos.
A banda afiadíssima tem a guitarra de Davi Moraes e o baixo de Dadi, (esse, ela comentou: o sortudo “Leãozinho”, da canção de Caetano Veloso), dois companheiros dela há muitos anos. Ainda temos o percussionista Pretinho da Serrinha e o baterista Pupillo – músicos mais recentes, mas a intimidade com a cantora é explicita.
O trio de metais é uma atração notável, principalmente quando Antônio Neves bota a boca no trombone e se une a voz de Marisa: são momentos irresistíveis ao vivo.
Eduardo Santanna, trompete e flugelhorn, e Lessa, sax e flauta, completam a trinca de virtuosos.
Fez uma bela homenagem ao cantor paraibano Cassiano, (que faleceu em maio de 2021) cantando “A Lua e eu” que emocionou geral.
Marisa Monte esteve conosco, foi bom demais e teve o bis de três canções, a última, a capela “Bem Que se Quis” ela canta, passa a bola para o público, e sai a francesa.
Fotos KP
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