João Pessoa, 29 de abril de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A cidade de Marizópolis celebra, nesta sexta-feira (29), 28 anos de emancipação política. Para marcar a data, o programa Hora H, da Rede Mais Rádio, foi apresentado direto dos estúdios da Maripa Web Rádio FM. Mas, como Marizópolis se tornou cidade? O Portal MaisPB te explica.
Marizópolis, 28 anos
A chegada década de 1990 trouxe à população dos distritos que integravam a estrutura administrativa de Sousa, no Sertão do Estado, a possibilidade da realização do sonho de ver a terra emancipada. Entre o medo e a esperança, os moradores passaram a conviver com um processo de independência.
Foi assim com a jovem Marizópolis, que chega em 2022 aos 28 anos. Em 29 de abril de 1994, a Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou o Projeto de Lei Ordinária criando o município. O texto foi sancionado pelo então governador da Paraíba, Cícero Lucena, hoje prefeito de João Pessoa.
Processo de emancipação
O advogado João Estrela era o prefeito de Sousa à época. O então gestor abraçou a campanha pela emancipação do município. “Eu tive a felicidade de tratar desse processo enquanto fui prefeito. Marizópolis era distrito de Sousa. Entre 1990 e 1991 estourou essa campanha de emancipação. Defendi e na condição de prefeito fui na Assembleia Legislativa, apresentei a proposta ao presidente da Casa à época, deputado João Fernandes, preparei toda documentação, certidões, estatística… e ficamos no aguardo. Em 1994 a Assembleia aprovou e o governador Cícero Lucena sancionou, elevando à condição de município”, lembrou Estrela.
“O sentimento de emancipação era como o de liberdade, é alguém que está preso e ficou livre”
Por que emancipar?
Apesar do temor inicial, a palavra emancipar foi aos poucos digerida e posta em prática pelos marizopolenses.
“Marizópolis era como uma cidade pequena de interior, que vivia à mercê. Implorava por apoio de governos. As coisas nunca aconteciam. Sentíamos a dificuldade. Para ter acesso à saúde pública, teria que ter um carro e ir para Sousa. Era chegada a hora de brigar pela emancipação”, conta o ex-vereador de Sousa, pelo distrito de Marizópolis, Dionizio Gomes.
“O distrito era bastante precário. Faltava acesso à saúde e educação”
Dionísio lembrou que ainda no fim da década de 1980, alguns moradores começaram a perceber o local que funcionava como anexo de Sousa precisava de mais atenção. “Ou se busca a emancipação, ou Marizópolis não teria um progresso para agasalhar seus filhos”, detalha.
O primeiro prefeito
Com 2.659 votos, José Vieira da Silva, do PL, derrotou Dionizio Gomes da Silva, do PSDB, na primeira disputa pela Prefeitura de Marizópolis, em 1996. O então candidato tucano foi o segundo colocado com 979 votos.
Antes de ser consagrado prefeito, José Vieira esteve na campanha para tornar o distrito em município. Os detalhes, ele guarda na memória. “Houve uma campanha para emancipação. Houve comícios, passeatas. Até que chegou o dia do plesbicito, para dizer sim ou não. A maioria disse sim”, destaca.
Dois anos após a aprovação da Lei que criou a cidade ser aprovada na Assembleia, Vieira foi consagrado o primeiro gestor.
“Eu vivia em Arapiraca. Meu nome começou a ser o mais cotado e fui o primeiro prefeito da cidade. A eleição aconteceu em 05 de outubro de 1996. Fui eleito. Daí começou uma história complexa e difícil. Onde a prefeitura vai ser? Tem prédio? A Câmara, onde vai ser? Tudo foi difícil”, detalhou.
Projeções para o futuro
Desde 2021, Marizópolis é administrada por Lucas Braga. O prefeito está no segundo ano do primeiro mandato.
“Os desafios são grandes. O maior de todos é gerar emprego, dar oportunidades para que as pessoas tenham seu próprio sustento”, diz Lucas.
O ativista político e extensionista rural José Marques defende a potencialização do município e toda região, principalmente após a chegada das águas da Transposição do Rio São Francisco.
“Marizópolis tem uma potencialidade enorme. Pode ser uma grande exportadora. Em toda a área pode ser introduzida a cultura do coco, banana, goiaba e outros produtos que podem ser exportados. Marizópolis, por estar entre Sousa e Cajazeiras, poderia ter a Ceasa futuramente. Não é um sonho, é um sonho acordado. com isso, vamos ter um Centro de exportação de produto para todo país e para o exterior”, defende Marques.
Mesopotâmia do Sertão
Certamente as pessoas já se depararam com o termo Mesopotâmia nos livros de história. Trata-se de uma palavra de origem grega que significa “terra entre rios”. Era uma referência à região desértica localizada entre os rios Tigre e Eufrates.
Rodada das águas do Rio Piranhas, do Peixe e Jangada, Marizópolis foi batizada de Mesopotâmia do Sertão. O batismo foi feito pelo historiador Gué Morais.
Da política, para arte e cultura
Longe das discussões políticas ou partidárias, os moradores de Marizópolis tinham destinos certos quando a palavra era diversão. Se estava chegando o carnaval, era hora da Juventude Dourada despertar.
A festa surgiu após a reunião de jovens que gostariam de brincar o carnaval de 1994. O grupo se juntou pagou quatro mil cruzeiros para a compra de instrumentos. Foi assim que nascia a Juventude Dourada.
Da varanda da SoverLanches, dona Maria Joaquina assistia a sadia brincadeira. A casa era um dos locais mais procurados para quem buscava descontração.
“O pessoal gostava demais. Vinha e dançava. Tinha banda. Todo domingo muita gente. Todos dançando e eu na portaria. Ah, era bom demais. Tinha a Juventude Dourada. Animava ainda mais. Agora não existe mais, perdemos tudo”, conta.
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