João Pessoa, 01 de maio de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Tem gente que não consegue, tem gente que nasce com o maior dom do mundo. Eu tenho mania de sair por aí assobiando. Nesse dia eu estava pra baixo e sem expectativas, pois era triste ir ao supermercado e ver tudo muito caro, mas resolvi ser mais forte e mandar a tristeza pra outro porão. Afinal somos ou não somos filhos da esperança?
Eu saí de casa já cantarolando “singing in the rain” assobiado no elevador. Dizem que quem assobia, canta duas vezes…
É preciso acabar as mazelas da mente se não as mazelas acabam com a gente, entende? Deu certo, foi contagiante, a cada passo assobiado, as pessoas viravam o rosto em minha direção. Acho que a dureza do mundo está tão rígida que as pessoas estranham um assobio libertador no meio da rua.
Ah, quase esqueço de contar que o melhor foi no supermercado. Desde a entrada até o caixa para pagamento final virei atração de circo, não sei se um estiloso domador da música ou um palhaço mesmo. Mas deu certo novamente, a senhorinha linda do setor de frutas, falou que conhecia aquela música, o moço empacotador disse que não tinha tanto fôlego assim e o rapaz da rampa de saída me acompanhou no assobio também, por sinal mais poderoso e afinado que o meu.
Juntou-se a nós uma garota de apenas 15 anos que sabia da melodia, “inacrê”, não? Já um rapaz perguntou se o certo era assobiar ou assoviar. Respondi que quando escrevo, uso a letra “b”, mas quando assovio, na minha mente é com “v”, acho melodicamente mais bonito o som de assovio.
Foi lindo o coro, foi linda, a celebração jubilosa, onde os problemas até permanecem, mas foram esquecidos e colocados no seu devido lugar. Obrigado à música que cura e contagia os bons e acende uma centelha de fé no coração dos maus!
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TURISMO - 19/12/2024