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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Escambe-se

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publicado em 12/05/2022 ás 07h00
atualizado em 11/05/2022 ás 17h40

Tinha um quarto dos fundos onde a Rosaly guardava as quinquilharias, roupas, parafusos, bijouterias, bicicletas, brinquedos da infância, livros amarelados e muitas outras coisas que ninguém acreditaria o que tanto ela zelava. Rosaly dizia que eram antiguidades.

Aprendi com o Nuno, meu amigo português, que antiguidades são valiosas, o que Rosaly abrigava na verdade, eram velharias. Rosaly se defendia, afirmava que “conservava” os parafusos enferrujafos porque iriam caber em algum lugar um dia. A bicicleta, levaria para o conserto e ficaria novinha, as roupas, bastavam esmerar em boa costureira, pois estavam atuais, assim como os sapatos que poderia precisá-los para uma jornada futura.

Tinha até dúzias de lâmpada dessas de led (foto)que ela aprendeu na internet como abrir e arrumar para voltar a brilhar novamente, mas nunca o fez! Quem nunca? Ou quem não conhece alguém igual a Rosaly? Essa história tem um final interessante: esse quarto dos fundos era um espaço imenso de uma casa antiga no subúrbio, era dos avós da Rosaly com mais de 800 objetos(pode chamar de dejetos se preferir). Ele tinha entrada exclusiva e dava numa estrada de terra que demorava vinte minutos para se chegar motorizado à residência de nossa protagonista. Rosaly estava de viagem marcada.

Foi e voltou em cinco dias. No sábado, resolveu guardar uma persiana torta que havia substituído em sua casa antes da viagem. Rosaly abre a grade número 1, depois a grade número 2, porta de correr e por fim a porta de madeira que já se encontrava destrancada. Ao puxar a maçaneta, vem de dentro um eco inesquecível de um vazio imensurável. Os ladrões tinham feito um “rapa” prodigioso naquele local de energias paradas. Ao se deparar com a cena, Rosaly chorou, mas não chorou de tristeza não, chorou de alívio pela limpeza energética que sentiu imediatamente e o peso que retirou de suas costas.

Rosaly, a partir desse evento, começou a pensar no essencial, no simples, no que realmente importa ter para ser feliz. Quando me perguntam sobre minhas fotos das redes sociais, eu sempre respondo que troco de óculos, casaco, cachecol, chapéu, capa, acessórios com quem estiver de lado e à disposição, pode ser amigos ou até desconhecidos. Já tive minha lição antes da Rosaly. Precisamos de pouco para sermos úteis nessa vida! Escambe-se!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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