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PREOCUPAÇÃO

Permanência no Mercosul deve se tornar um tema no Paraguai

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publicado em 30/06/2012 ás 11h21

Desta vez a fila andou no Mercosul, com relevantes desdobramentos políticos, institucionais e de configuração para o bloco.

O tratamento da situação no Paraguai tornou-se um catalisador com mais capacidade de impacto sobre outros temas do que sobre o próprio desfecho político a ter lugar naquele país.

Os compromissos de que a suspensão da participação do Paraguai não lhe causará danos econômico-comerciais e de que essa mesma suspensão perderá vigência após a escolha democrática de um novo presidente, em abril, simplificariam a superação da crise intrabloco.

Essa aparente simplicidade não impedirá que, nos próximos meses, a continuidade no Mercosul se torne um tema de forte politização no Paraguai –alimentada não só pelas reações nacionalistas que essa suspensão ocasiona, mas por avaliações pragmáticas da classe política local sobre a conveniência de estar exposto a esse tipo de "humilhação".

A esse questionamento se acrescenta o tapa com luvas de pelica recebido com a decisão de aprovar a entrada da Venezuela como membro pleno, uma decisão pendente há vários anos de ratificação por parte do Congresso paraguaio.

Esse "toma lá, dá cá", entretanto, não impede que se analise a decisão de um prisma mais amplo, já que suas consequências não deverão ser triviais para o bloco.

Incorporar um país petroleiro soma atributos ao Mercosul e, ao mesmo tempo, abre portas para a articulação da Venezuela com um mercado ampliado. Mas também se ampliam as responsabilidades dos Estados-membros quanto ao futuro político desse país.

Cabe lembrar que as eleições presidenciais venezuelanas, em um quadro de notável polarização, terão lugar seis meses antes das eleições no Paraguai.

Para o Brasil, que deterá a presidência do Mercosul até dezembro, a fila também andou. A crise paraguaia de fato pavimentou o tom e o lugar que a agenda regional merecerá na política externa do governo Dilma.

Até agora, essa era uma dimensão deixada em segundo plano, ao lado dos temas da governança global e das coalizões com o time emergente.

Foi notória a liderança do país na condução das decisões recentes do Mercosul e no proativismo da Unasul. Essa visibilidade será razão para uma nova onda de críticas e pressões externas e domesticas. Nesse caso, a fila não anda.

Folha