João Pessoa, 29 de maio de 2022 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Estávamos eu e idália sentadas no banco da pracinha apreciando as crianças brincar. Conversávamos quando ela me contou que foi a um casamento religioso, cujo noivos eram seus amigos de infância. Começou a descrever os perfis de Mariá e Herbert, ambos extremamente religiosos, cumpridores da doutrina pregada pelas crenças incorporadas. Ela, evangélica, e ele, católico, ambos cristãos fervorosos.
Os dois apaixonaram-se e casaram no civil, tiveram um casal de filhos, Cecília e Artur, crianças lindas. A união oficial nesse molde foi a única opção que restou, não tinha como ser diferente, pois ambos eram intransigentes na posição religiosa adotada. Viviam unidos, harmoniosamente. Idália constatava que Herbet não comungava e isso para ele era constrangedor, uma vez que valorizava muito a eucaristia e o matrimônio. Na situação em que se encontrava, segundo a religião, ele estaria em pecado pois não teria recebido o sacramento para aquela união e, conforme as regras da igreja, perante Deus, era ilícita.
Situação que o incomodava muito, mais a ele, que a Mariá, apesar da coexistência pacífica amorosa entre ambos. Herbert sentia em seu coração a necessidade de receber a eucaristia, pois valorizava o sacramento o que fazia falta à sua essência como cristão. Idália pertencia a movimentos sociais e religiosos, grupo de orações, trabalhos voluntários, encontros de Casais com Cristo (ECC).
Privando da intimidade com os dois, idália estava sempre a incentivar Mariá a participar das atividades religiosas caritativas e voluntárias. Em várias ocasiões falava:” amiga, venha participar, não tem nada a ver, isto é uma maneira de se doar e se fazer o bem e assim foi… Ela quis participar do Encontro de Casais com Cristo (ECC), foi quando começou a entender a importância dos sacramentos da religião católica e aos poucos foi despertando nela o sentimento de quanto era importante receber as bênçãos de Deus em sua união com Herbert. Constatava que aquela hipótese o fazia feliz. Até o dia em que Mariá resolveu realizar o sonho, abdicando de suas convicções para aderir ao casamento religioso católico como a maior prova de amor que daria a Herbert.
A cerimônia, segundo Idália, foi o ato mais lindo que havia assistido. O padre disse: “Estamos recebendo aqui nessa cerimônia a nossa irmã Mariá, uma pessoa criada na doutrina evangélica, mas que hoje abdica de seus princípios e resolve consagrar sua união com Herbert dentro do catolicismo, como prova de seu amor. Amar é você renunciar, ceder, é fazer o outro feliz e ela está tomando essa atitude independente da religião, porque o Deus é um só. Respeita a religião dele e ele a dela. Nisto tudo o mais importante é o sentimento do amor.” As palavras do sacerdote comoveram a todos.
O comum é a noiva chorar, mas nesta cerimônia foi o noivo que o fez, compulsivamente, demonstrando a sensação de felicidade que invadia seu íntimo no mais profundo âmago d’alma, porque sabia que ia encontrar-se com Deus através da comunhão, a importância para sua vida daquele sacramento. A voz do silêncio reinante na igreja, que cura, liberta, acalma, redime, perdoa, ama, compreende, aceita, agradece e acolhe, acompanhada da música suave do violino construía um clima mágico indescritível que dava ao ato uma dimensão espiritual, divina, constatando a presença viva de Deus. Diz Idália: “Eu fiquei desde o início emocionada, atônita, nunca experimentei essa sensação antes”. A cerimônia foi linda!
O amor é um sentimento que não se vê. Não se toca, se sente através de gestos, de objetos e do fruto concreto que resulta dele, os filhos. É o ato que convence o outro, isto é, a prova. Mariá soube dar e convencer Herbert. Serão felizes para sempre!!!
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OPINIÃO - 22/11/2024